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OS DESAFIOS DO USO DA IA NA EDUCAÇÃO
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Editorial opinião

OS DESAFIOS DO USO DA IA NA EDUCAÇÃO

O uso da Inteligência Artificial (IA) no processo educacional parece inevitável. Não há como lutar contra o fenômeno, cujas ferramentas vão muito além do ChatGPT. Não se discute se ela chegará às escolas e demais instituições de ensino, mas como ela chegará, como será usada e de que forma será incorporada ao cotidiano da educação.

Na semana que passou, O POVO publicou a reportagem "IA na educação básica: como o Ceará lida com mais uma revolução na sala de aula" (18/6/2025), assinada pela jornalista Alexia Vieira, que mostra a corrida para a adoção de ferramentas de IA na educação no Ceará. Com a evolução da tecnologia, cada vez mais rápida, as escolas, os estudantes e os professores estão sendo impactados pelos desafios e promessas e que fazem parte da incorporação desses recursos.

Um dos exemplos desse uso é o fato de os estudantes usarem chatbots para solucionar dúvidas e programas de tutoria personalizada para se aprofundar nos conteúdos. Os professores procuram a IA para corrigir redações, planejar aulas, formular questões e criar atividades. Além disso, os sistemas auxiliam na administração dos diários escolares, como notas e faltas e mapeamento de dificuldades de aprendizagem.

A referida reportagem cita um treinamento relevante, dado aos docentes, promovido pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Os professores têm participado de uma formação piloto acerca do uso de IA na escola. A iniciativa foi implementada em 2024 e tem como objetivo qualificar os professores de 40 escolas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) para utilizar a tecnologia de forma crítica e alinhada com princípios pedagógicos. Isso inclui encontros presenciais e acompanhamento depois das aulas.

Essa formação faz parte dos eixos do Plano de Educação Digital, que está sendo elaborado pelo Ceará e que deve ficar pronto até o fim de 2025. A ideia desse treinamento é dar segurança ao professor no uso das ferramentas e discutir dilemas éticos, desafios e a demanda de adaptar os recursos disponíveis à estrutura da escola. A formação deve ser expandida para toda a rede.

É uma experiência interessante, por mais que seja, por ora, destinada a uma pequena parcela dos docentes e restrita a uma esfera da educação. Na iniciativa privada, há exemplos de formações semelhantes, mas certamente ainda não atinge a todos os professores. É preciso rever questões estruturais, como o acesso à internet de qualidade nas escolas e a disponibilidade de equipamentos que dialoguem com as novas tecnologias, além da alfabetização e do letramento digital de alunos e professores.

As vantagens do uso da IA na educação são variadas - desde a melhor coleta e processamento dos dados, passando pelo aprimoramento de aprendizagem e chegando à preparação para o futuro do trabalho. Alguns cuidados precisam ser tomados, principalmente quando se trata de garantir a inclusão digital, lidar com dilemas éticos e certificar a transparência no uso desses dados.

Não dá para ignorar esse assunto nem tratá-lo sem crítica. É possível, sim, fazer o uso pedagógico dessas ferramentas, mas, antes de tudo, deve-se desenvolver a formação dos professores de modo estratégico e atento. n

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