
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Impossível não se indignar frente à carta desaforada e mentirosa que o chefe do Executivo americano, Donald Trump, enviou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tratando o Brasil como se fosse uma colônia dos Estados Unidos. É preciso que as nações democráticas deem um basta nesse tipo de "diplomacia", que procura submeter todos os países à vontade de um único homem.
É difícil encontrar paralelo na história, a não ser em regimes totalitários, em que um chefe de Estado tenha agido dessa maneira, atropelando todas as regras e costumes civilizatórios que regem as relações internacionais.
A carta de Trump é uma mistura de tentativa de intervir na Justiça brasileira, em favor de seu aliado Jair Bolsonaro, e de inconformismo com a atuação no Brasil na presidência do Brics, em busca de uma ordem multipolar. Em resumo, o destampatório trumpista é um ataque frontal à soberania brasileira.
Trump exigiu que o julgamento de Bolsonaro parasse "imediatamente", como se pudesse dar ordens ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda acusou falsamente o Brasil de não ter promovido "eleições livres"; de supostamente ter violado a "liberdade de expressão" e de ter prejudicado empresas americanas — e mentiu ao dizer que os Estados Unidos tinham déficit na balança comercial com o Brasil: é o contrário.
Com essa mixórdia de argumentos, que não param de pé, transitando entre a mentira e o absurdo, Trump ameaça cobrar tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros que entrarem nos EUA a partir de 1º de agosto. A insolência chegou a tal ponto que ele não garantiu baixar as taxas, nem mesmo se o Brasil cumprisse todas as suas exigências.
Por isso, Lula acertou ao dar uma resposta contundente aos ataques de Washington, repondo as coisas em seu devido lugar, mas sem ataques despropositados ao homólogo americano.
"O Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceitará ser tutelado por ninguém", escreveu o presidente brasileiro. Lula acrescentou, em relação ao aumento unilateral das tarifas, que o Brasil responderá nos termos da lei de reciprocidade.
O que espanta são os áulicos do presidente Trump no Brasil, que se regozijam com as medidas anunciadas pelos Estados Unidos, mesmo sabendo que o prejuízo recairá sobre a nossa economia. Chega às raias da incompreensão verificar que um segmento político trabalhe, dentro do País, para defender interesses americanos, contrários ao povo brasileiro.
É lamentável que a desqualificação política tenha atingido de tal maneira o bolsonarismo ao ponto de esse grupo político, autodeclarado "patriota", ter perdido completamente a noção do significado dessa palavra. n
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