
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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A taxação de 50% de todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos vai afetar todo o Brasil. No entanto, o impacto será sentido de maneira diferente, a depender do produto e da região exportadora. Pela determinação do presidente americano, Donald Trump, as novas tarifas serão cobradas a partir do dia primeiro de agosto.
Segundo levantamento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o aumento das tarifas tem o potencial de afetar R$ 16 bilhões de exportações no Nordeste. Ceará, Bahia e Maranhão, pela ordem, serão os mais atingidos. Segundo a Sudene, esses três estados venderam R$ 14 bilhões de produtos no mercado americano em 2024. "Será uma perda significativa para a economia regional, declarou ao O POVO José Farias, coordenador de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene.
Entre os produtos exportados destacam-se o aço, frutas, pescado e calçados, que saem principalmente do Ceará, "com alta concentração de produtos com valor agregado médio", que poderão perder competitividade com o aumento da taxação, segundo Farias.
Além dos prejuízos que recairão sobre todo o país, como a redução do PIB e a perda de empregos, as consequências indiretas serão piores para os sistemas produtivos regionais. Farias explica que os produtos de exportação já suportam "uma longa cadeia de atividades no território", que aumentam o custo final do produto, situação que se agravará com o aumento do imposto.
Com relação ao País, economistas avaliam que o aumento das tarifas pode provocar uma redução de meio ponto percentual no produto interno bruto (PIB), índice que pode ser considerado elevado, pois o crescimento do Brasil está na marca de 2,5%.
O Brasil não poderia deixar de dar uma resposta vigorosa, como o fez à carta desaforada de Donald Trump, para demonstrar que não se submeteria às vontades do presidente americano, muito menos àquelas que ferem a soberania brasileira.
No entanto, diante de uma situação com potencial de provocar danos ao País, o governo brasileiro, corretamente, evitou bravatas, deixando claro, desde o início, que estava aberto a negociações. A reciprocidade seria posta em prática como último recurso, caso as iniciativas de resolver o impasse por meio de acordo entre as partes resultasse em fracasso.
Assim, o Palácio do Planalto responde às provocações americanas em duas frentes. Por um lado, procura abrir canais de negociação para levar o confronto para o campo da diplomacia. Ao mesmo tempo, estuda medidas retaliatórias, caso o governo Trump resolva insistir nas propostas absurdas, exigindo intervenção no Judiciário para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro dos processos a que responde no Supremo Tribunal Federal (STF).
Será um litígio longo e penoso, difícil de prever qual saída prevalecerá, mesmo quando se sabe que o melhor seria um bom acordo.
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