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Estados Unidos quer investigar negócios no Brasil
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Editorial opinião

Estados Unidos quer investigar negócios no Brasil

Com essas medidas, o presidente americano, Donald Trump, tenta justificar que o problema com o Brasil não é político, porém econômico, mas o truque tornou-se muito evidente

Em mais um ataque ao País — depois da imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros —, os Estados Unidos se deram o direito de abrir uma investigação sobre práticas comerciais do Brasil. Segundo o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, o processo visará condutas consideradas "desleais" no comércio.

Logo, é de se adiantar que o critério de injustiça do governo americano é bastante tortuoso e criado sob medida para chantagear outros países. O presidente Donald Trump, por exemplo, diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro está sofrendo uma "caça às bruxas". Mas, na realidade, ele está submetido ao devido processo legal, respondendo pelos crimes pelos quais foi denunciado pelo Ministério Público Federal, com a garantia de amplo direito de defesa.

Não é de se esperar, portanto, coerência dessa nova investida de Washington para investigar o comércio no Brasil. A iniciativa vai muito além da economia, com a pretensão de interferir, novamente, em assuntos internos, que dizem respeito unicamente ao Brasil, como o julgamento de Bolsonaro.

Trump trava uma guerra comercial, com fortes tinturas políticas, com praticamente todos os parceiros de negócios dos Estados Unidos, aplicando tarifas exorbitantes em produtos importados. Entre seus objetivos declarados está a "reindustrialização" dos Estados Unidos, forçando empresas americanas a voltarem a se instalar no país.

O presidente americano ainda age para demolir os organismos multilaterais e ataca qualquer iniciativa que, na visão dele, represente uma ameaça à prevalência dos EUA no mundo, como é o caso do Brics.

Agora, Trump lança mão de uma nova arma, nessa espécie de reconfigurada guerra fria, movida contra o Brasil. Nas palavras do representante dos EUA, Jamieson Greer, a investigação vai avaliar se é "insensato ou discriminatório e onera ou restringe" os negócios dos Estados Unidos, quanto ao comércio digital, serviços de pagamento eletrônico, empresas de mídia social, entre outros setores.

Até a rua 25 de Março, em São Paulo, conhecido polo de comércio popular, foi listada como prejudicial aos interesses americanos. Segundo os EUA, o local seria um centro de vendas de produtos falsificados, sem a proteção de direitos de propriedade intelectual. A questão é que ruas desse tipo existem em praticamente todas as grandes cidades do mundo, com as mesmas características e problemas, inclusive em Nova York.

O pix, sistema de pagamento que atinge a marca de mais de 200 milhões de transações por dia, também entrou na mira de Trump, muito possivelmente por ser gratuito e, por isso, seria uma "concorrência desleal" com os bancos.

Com essas medidas, Trump tenta justificar que o problema com o Brasil não é político, porém econômico, mas o truque tornou-se muito evidente.

 

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