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Governo e empresas preparam-se para o tarifaço
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Editorial opinião

Governo e empresas preparam-se para o tarifaço

Não perca de vista que a maior potência econômica e militar do planeta abriu uma guerra comercial, com aspectos políticos, contra o Brasil

O dia 1º de agosto se aproxima e nada indica que haverá acordo entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto para reduzir a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, imposta pelo presidente americano Donald Trump.

Em seus argumentos para justificar o tarifaço, os Estados Unidos apresentam falsas razões econômicas e incluem uma pauta política, que vai desde exigência de anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro, reivindicações para favorecer as big techs e ameaça de taxar os países do Brics.

O governo brasileiro tentou separar as duas questões, mas até agora não há indicativos de que Washington esteja disposto a abandonar a verdadeira chantagem que move contra o Brasil, mal conseguindo esconder suas motivações políticas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que insistirá nas negociações, alertando que vai garantir a soberania brasileira, restringindo as negociações aos seus aspectos econômicos. Se não houver acordo, ou adiamento da data para o tarifaço entrar em vigor, Lula avisou que será aplicada política de reciprocidade econômica.

As tensões se agravaram depois que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou a suspensão do visto de Alexandre de Moraes e outros sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ficaram fora da sanção somente os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.

Frente a essa situação, a diplomacia brasileira e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (MDIC), dirigido pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, vêm atuando em várias frentes, como o direcionamento das exportações brasileiras para outros mercados, como China e União Europeia.

Além disso, o Brasil vai recorrer a foros internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), mas essa saída é vista apenas como simbólica, pois a OMC foi desmantelada pela política de Trump de desprezar as instituições multilaterais.

A providência mais efetiva que o governo está tomando é um estudo, com a participação de empresários das áreas que serão atingidas, para buscar soluções que possam reduzir rapidamente o impacto do aumento das tarifas.

Em entrevista à rádio CBN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aventou a possibilidade de um "plano de contingência", incluindo a criação de linhas emergenciais de crédito para os setores afetados.

Segundo disse o ministro à Agência Brasil, o programa não implicará em gastos que prejudiquem a meta de resultado primário, pois o governo pretende adotar outros instrumentos, além do aumento de despesas, como abrir linhas de crédito.

No entanto, é preciso lembrar que o tarifaço pode produzir uma crise aguda, na qual o governo precisará do apoio do Congresso e da sociedade para enfrentá-la. Não se pede à oposição que abandone sua ideologia. Mas que não perca de vista que a maior potência econômica e militar do planeta, abriu uma guerra comercial, com aspectos políticos, contra o Brasil. Confrontar essa violência deveria unir todos os brasileiros.

 

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