
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Recentemente o empresário Ricardo Faria, conhecido como Rei do Ovo, afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que as pessoas estão "viciadas" no Bolsa Família. "Não temos nem a chance de trazer essas pessoas para treinar (nas empresas) e conseguir dar uma vida melhor, porque elas estão presas no programa", disse ele.
Ao mesmo jornal, no início do ano, Rubens Menin, fundador da construtora MRV, do banco Inter e da CNN Brasil, disse que o Brasil precisava reduzir os valores destinados ao benefício de prestação continuada (BPC) e do Bolsa família. "Não temos dinheiro para isso", afirmou.
Desde o início do Bolsa Família, no primeiro governo Lula (2003), pode-se listar dezenas de declarações de empresários no mesmo sentido. Apesar de todas as evidências em contrário, as críticas partem do princípio equivocado que os investimentos sociais são um peso insuportável para o País.
Além disso, por essa visão tortuosa e nunca comprovada, o programa promoveria a "acomodação" do trabalhador, que deixaria de procurar emprego para viver pendurado em programas sociais.
Mais uma vez esse discurso preconceituoso com relação às pessoas de baixa renda é desmentida pelos fatos. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes ao mês de julho, mostram que quase um milhão de pessoas, 958 mil exatamente, saíram da pobreza graças ao Bolsa Família.
Segundo dados do Caged, 98% dos empregos formais gerados em 2024 foram preenchidos por integrantes do CadÚnico e 75% das vagas foram ocupadas por beneficiários do programa de transferência de renda do governo federal.
Ou seja, os números vão na direção contrária daqueles que dizem que os programas sociais são um fator de desestímulo, que impede a pessoa de sair de uma situação de vulnerabilidades.
O portal da Secretaria de Comunicação Social (Secom) reproduziu a experiência de pessoas que deixaram o programa, mostrando como o Bolsa Família foi importante para a superação da pobreza.
Um desses depoimentos é de Dayane Carvalho, moradora de Careiro da Várzea (AM), uma cidade ribeirinha com cerca de 20 mil habitantes. Ela disse que permaneceu no programa por quase 10 anos. Hoje trabalha como técnica de enfermagem, curso que concluiu como o auxílio do Bolsa Família. Dayane diz que foi com o programa de transferência de renda que ela conseguiu manter a família, enquanto estudava. "Hoje consegui a independência", disse ela, "espero que ajude outras famílias, assim como ajudou a minha".
Com mais de 20 anos de existência, o Bolsa Família — um dos maiores programas de transferência do mundo —, merece um olhar mais generoso de todos os brasileiros, não por benevolência, mas pelos resultados positivos que já entregou nas tarefas que se propôs a realizar, em favor dos brasileiros mais vulneráveis.
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