Logo O POVO+
As negociações com os EUA vão progredir?
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

As negociações com os EUA vão progredir?

O governo brasileiro age corretamente mantendo a disposição para o diálogo ao tempo em que traça uma linha que não admitirá que seja ultrapassada: a de aceitar exigências que ofendam a soberania brasileira

A Casa Branca parece ter enviado um sinal, ainda fraco, que pretende negociar com o Palácio do Planalto, depois de impor um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos.

O aumento das tarifas, que deve começar a vigorar em agosto, caso fracassem as negociações, pode ser classificado como uma chantagem contra o governo brasileiro.

A decisão americana foi divulgada fora dos canais diplomáticos, em uma carta com mentiras e exigências políticas, misturadas a questões econômicas.

O documento foi rechaçado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sempre cuidando em destacar que o Brasil estava aberto a negociações.

Agora, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, manteve um diálogo, por telefone, com o secretário de Comércio dos Estados Unidos (EUA), Howard Lutnick. É o primeiro contato entre duas autoridades de primeiro escalão dos dois governos, desde o anúncio da taxação.

Alckmin não adiantou qual tema foi especificamente tratado com Lutnick, mas disse que foram abordados "todos os pontos" — e classificou o diálogo como "positivo", destacando o interesse do Brasil em negociar.

No entanto, deixou claro que a orientação do presidente Lula era isolar as negociações da "contaminação política" ou ideológica, centrando a conversa na busca de propostas para a questão comercial.

Uma comitiva suprapartidária de senadores brasileiros desembarca em Washington este fim de semana. Eles vão se reunir com parlamentares e empresários americanos para encontrar aliados na tentativa de reverter o tarifaço. Iniciativas em busca de um acordo não faltam.

Alguns analistas avaliam que o Brasil tem pouca chance em um possível enfrentamento com o presidente americano Donald Trump, e teria muito mais a perder.

Mas, na avaliação do professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel, esse tipo de pressão funciona em países "muito dependentes dos Estados Unidos, extremamente frágeis". Países muito diferentes do Brasil, na visão de Stuenkel, como disse em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Segundo ele, os diplomatas americanos têm a expectativa de que o Brasil "se comporte como um país da América Central". Ou mesmo como o México que, "apesar de ser um país grande, é muito dependente dos Estados Unidos". O que não é o caso do Brasil, diz ele.

O fato é que o governo Lula com alguns senões aqui outros acolá conduz as negociações de forma correta, mantendo a disposição para o diálogo, ao tempo em que traça uma linha que não admitirá que seja ultrapassada: a de aceitar exigências que ofendam a soberania brasileira.

É o mínimo que um país livre pode fazer, quando ataques estrangeiros visam desmoralizar suas instituições democráticas.

 

Foto do Editorial

Análises. Opiniões. Fatos. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?