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Uma boa notícia, mas preocupante
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Editorial opinião

Uma boa notícia, mas preocupante

A questão é que se trata de um ambiente no qual algum tipo de controle se faz necessário, evitando-se que gente inocente, até pela falta de uma vivência suficiente para levar às melhores escolhas, seja colocada ao alcance de práticas para as quais não está preparada
Tipo Opinião

A sociedade contemporânea lida com problemas que exigem a melhor compreensão possível, na perspectiva de se entender os limites e as possibilidades que o mundo novo oferece. Dados de 2024 que foram colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados durante a semana, oferecem números quantitativos e atualizados sobre um problema, que exige cuidado e delicadeza para ser enfrentado: a relação das novas gerações com as ferramentas online.

Deu-se um salto, aponta o IBGE, na quantidade de crianças cearenses da faixa entre 10 e 13 anos com acesso à internet. O comparativo é entre o índice colhido em 2016, que era 55,9%, e o de 2024, quando o percentual pula para 84,4%, o que expõe um avanço importante e, diante de desafios intrínsecos ao tempo moderno, até passível de uma comemoração por expressar uma melhoria objetiva na realidade.

A questão, porém, deve envolver também a necessidade de se estabelecer limites, para os quais não existe ainda uma fórmula clara com o propósito de evitar que prevaleça na formação humana de nossas crianças o lado negativo de um mundo pouco regrado, como é a característica fundamental hoje do ambiente digital.

É um debate sério e que não pode ser contaminado por uma outra discussão que já acontece, mais relacionada à população adulta e ao interesse manifesto por segmentos da sociedade de terem garantido o direito pleno que reivindicam ao uso da liberdade de expressão, no seu conceito extremo muitas vezes.

Os dados extraídos da "Pnad Contínua: Características de Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad TIC) 2024", analisam a conexão à internet, serviços de streaming, sinal de streaming, rádio e outras ferramentas em todo o Brasil. Claro que há um lado naturalmente positivo na descoberta de que temos uma população, inclusive na faixa infantil, a cada dia mais conectada, considerando que há ferramentas educativas que funcionam com alto grau de eficiência. Portanto, não é questão de supervalorizar o viés negativo e, a partir disso, estabelecer restrições que inviabilizem o contato de nossas crianças com os avanços que são próprios do método digital.

A questão é que se trata de um ambiente no qual algum tipo de controle se faz necessário, evitando-se que gente inocente, até pela falta de uma vivência suficiente para levar às melhores escolhas, seja colocada ao alcance de práticas para as quais não está preparada. A mais evidente delas relacionada aos jogos online, com todos os males que trazem, a começar por estabelecer um quadro de vício com reflexos danosos, não raro, no próprio ambiente familiar.

É uma preocupação que precisa envolver pais, escolas, Estado e quem mais esteja interessado em garantir genuinamente que os avanços tecnológicos, necessários e bem vindos na maior parte dos casos, não apresentem como efeito colateral a desagregação de lares e a desestruturação de famílias. No caso específico, famílias cearenses.

 

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