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Violência contra a mulher precisa de punição exemplar
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Editorial opinião

Violência contra a mulher precisa de punição exemplar

Há diversas tentativas e pioneirismos, mas em um ritmo de prioridade orçamentária e cultural que não acompanha os casos reais. A indignação nacional diante das imagens repetidas de forma exaustiva pela imprensa e redes sociais precisa ser transformada em ação concreta
Tipo Opinião

O Brasil assistiu estarrecido, mais uma vez, a cenas de brutalidade onde um homem espanca uma mulher. Aconteceu dentro de um elevador em Natal (RN), no dia 26 de julho. A violência de gênero no País é crescente: 257.659 agressões cometidas contra mulheres em 2024, de acordo com o Anuário da Segurança Pública. Foram 3.870 tentativas de feminicídio, 19% a mais do que no ano anterior. Quatro mulheres mortas por dia. Com destaque para a subnotificação.

O agressor foi filmado dentro do elevador de um condomínio no bairro Ponta Negra, zona Sul da capital potiguar, dando 61 socos no rosto da então namorada. Preso em flagrante logo após o crime, porque o porteiro viu as imagens e acionou a Polícia, o homem deverá responder por tentativa de feminicídio. Deverá.

Casos em que homens espancam parceiras não são isolados. Alguns têm mais repercussão do que outros, e muitos fatores definem essa realidade, mas a violência doméstica ainda é presente em muitos e diferentes lares brasileiros.

Ao longo das últimas décadas, avanços significativos foram concretizados. As denúncias aumentaram, com a Lei Maria da Penha - que ampliou as penas e os dispositivos de proteção - o debate tornou-se mais público. Menos privado.

A temática da igualdade de gênero está mais presente nas escolas, há mais políticas públicas para prevenção e acolhimento. Legislativo, Executivo e Judiciário têm se apropriado mais sobre a demanda que a epidemia da violência contra a mulher exibe.

Há diversas tentativas e pioneirismos, mas em um ritmo de prioridade orçamentária e cultural que não acompanha os casos reais. As mortes e as agressões não param de acontecer. Os discursos misóginos também continuam, e são pano de fundo para que as muitas mudanças não consigam ainda fazer os casos diminuírem.

A indignação nacional diante das imagens repetidas de forma exaustiva pela imprensa e redes sociais precisa ser transformada em ação concreta do Estado para que o agressor seja punido de forma exemplar.

Ele tentou matar uma mulher por ela ser mulher, a acuou dentro de um local sem possibilidade de fuga ou defesa, mirou seu rosto por mais de sessenta vezes para bater. Uma violência com simbologia marcante, numa explícita tentativa de desfigurar a vítima e deixar sua marca.

Foi preso em flagrante e alegou ter tido um surto claustrofóbico antes da agressão. É preciso repetir, quantas vezes for necessário, que não há justificativa para a violência. O que precisa haver é denúncia eficaz, investigação séria e cumprimento de protocolos que consigam mensurar e qualificar os crimes de forma correta. Para que o julgamento seja sério e consiga mostrar à sociedade que o machismo mata e a violência contra as mulheres precisa parar.

 

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