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Existe outro modo de negociar com Trump?
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Editorial opinião

Existe outro modo de negociar com Trump?

Enfrentar a ofensiva política é a única forma possível de relacionar-se com o presidente dos Estados Unidos, sem capitular às exigências de uma potência estrangeira, inaceitável para um País soberano

O governo dos Estados Unidos fez uma nova provocação ao Brasil ao divulgar mensagem em uma rede social classificando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como o "arquiteto da censura e da perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores".

O texto acrescenta que "os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto".

Moraes já foi sancionado pelos Estados Unidos com a Lei Magnitsky, de forma completamente ilegal, pois ela é destinada a punir quem pratica graves violações aos direitos humanos.

Internamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofre críticas de setores do empresariado e da oposição, que o responsabilizam pela escalada de ameaças contra autoridades brasileiras.

Por essa visão, Lula deveria ater-se à questão comercial, para facilitar a aproximação com o presidente americano Donald Trump.

No entanto, para importantes personalidades internacionais, o presidente brasileiro age corretamente ao insistir em abordar a questão política e a defesa da soberania brasileira.

O ex-chefe do Banco Mundial,, Joseph Stiglitz (Nobel de Economia 2001), fez elogios a Lula por sua postura frente ao tarifaço. Em artigo publicado em jornais americanos, ele escreveu que o Brasil "optou por reafirmar seu compromisso com o Estado de Direito, mesmo com os Estados Unidos aparentemente renunciando à sua própria Constituição". Ele incentiva outros chefes de Estado a agirem de modo semelhante, enfrentando com coragem o "bullying" praticado por Trump.

Outro Nobel de Economia (2008), Paul Krugman, afirmou em artigo que, diferentemente dos EUA, o Brasil julga ex-presidentes "que tentam anular eleições". Citando o Pix, Krugman considera que o Brasil é "líder em inovação financeira" e que pode ter inventado o "futuro do dinheiro".

Os principais jornais do mundo veem como positiva a forma como o Brasil trata as ofensivas da Casa Branca.

A revista britânica The Economist viu o tarifaço como "agressão chocante" contra o Brasil, mas que poderia fortalecer Lula.

Depois da recente entrevista ao New York Times, o jornal americano anotou em seu Instagram: "Ninguém desafia Trump como o presidente do Brasil". A postagem bateu o recorde de interações em 2025, com mais de 746 mil comentários e curtidas.

O fato é que o governo brasileiro trabalha em duas frentes. Na política, Lula defende com firmeza a soberania brasileira; enquanto a questão comercial fica sob a responsabilidade do vice-presidente, Geraldo Alckmin, que se desdobra para demonstrar disposição em negociar os temas econômicos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad faz parte desse esforço, e tem reunião marcada com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, na próxima quarta-feira.

Essa é a única forma possível de relacionar-se com Trump. Fazer de modo diferente seria capitular à intervenção de uma potência estrangeira, inaceitável para um país soberano.

 

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