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A ação lenta do governo Lula
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Editorial opinião

A ação lenta do governo Lula

Tem sido lenta, além da conta, a capacidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de oferecer condições aos empresários e às empresas brasileiras diante das dificuldades criadas pela vigência, desde o dia 6 último, das medidas dos Estados Unidos que estabelecem barreiras extras para o acesso de exportações brasileiras àquele mercado. Espera-se que elas finalmente sejam anunciadas nesta terça-feira, ainda a tempo de amenizar a repercussão negativa do quadro criado com a sobretaxação de 50% para muitos dos nossos produtos.

Claro que se deve entender, quando observado no âmbito do razoável, uma postura de cuidado para evitar que medidas açodadas sejam adotadas. A história registra situações nas quais o foco errado impôs perdas importantes às contas públicas, através de isenções e renúncias fiscais pouco ajustadas, sem que, de outra parte, o retorno final obtido tenha justificado o esforço feito em nome da sociedade.

Está prometida para a crise da vez uma postura mais comedida das autoridades. Comprometendo o menos possível as contas do governo, o que poderia impactar em outros aspectos da economia, ao mesmo tempo em que garantindo o apoio de que precisam os setores afetados, direta e indiretamente.

Acontece que já são sete dias desde o começo de vigência das medidas, anunciadas ainda em 31 de julho passado, ou seja, elas eram conhecidas até há mais tempo. Faz sentido, portanto, a cobrança firme feita recentemente pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, de uma ação mais rápida no plano federal, já que destacava o fator comparativo de a gestão Elmano de Freitas, no plano estadual, já haver conseguido apresentar um pacote de medidas importantes para amenizar o impacto da situação inesperada.

Basicamente, de início, são quatro ações previstas e, segundo o governador, resultado de um amplo diálogo com os setores e empresas afetadas. Uma delas concede subvenções até um limite que ainda será definido em decreto pela gestão, considerados os cálculos de perdas reais que a vigência do tarifaço determinará. Outra, igualmente importante e necessária, prevê a compra de produtos alimentícios produzidos por exportadoras cearenses que venham a enfrentar dificuldades para venda ao mercado dos Estados Unidos diante da nova política tarifária.

A expectativa geral é de que o anúncio das medidas pelo governo Lula aconteça hoje. O contexto nacional tem se mostrado mais desafiador, aponte-se, diante das dificuldades políticas encontradas pelos negociadores habilitados pelo presidente Lula, em especial seu vice e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, na tentativa de diálogo com governadores vinculados à oposição para se acertar uma resposta única do País. Uma pena, porque isso fragiliza a posição brasileira diante de um momento que pedia consensos e união. n

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