
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Os problemas no sistema de transporte coletivo em Fortaleza ganharam destaque depois do encerramento das atividades da empresa Santa Cecília. Segundo o Sindiônibus (sindicato que representa as empresas), essa é a quinta transportadora a suspender as atividades, porque a operação teria se tornado deficitária.
Este jornal abordou o assunto na edição de ontem, a partir do alerta do Sindiônibus de que é necessário equilibrar as contas para evitar que outras empresas tenham o mesmo destino.
Segundo a entidade, 14 empresas continuam a operar as mais de 300 linhas de ônibus urbanos na capital, mas somente em 80 delas o montante arrecadado cobriria as despesas.
Para o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, caso a situação continue a se deteriorar, medidas "mais drásticas", como deixar de atender a algumas áreas da cidade, seriam necessárias para preservar o sistema e as empresas.
De acordo com Dimas, o problema ocorre em todo o País, necessitando de atuação do governo federal, pois a capacidade de financiamento das prefeituras e estados seria insuficiente para bancar o sistema de transporte. Ele diz que, em algumas capitais, como Teresina, Natal e Rio de Janeiro, algumas áreas das cidades deixaram de ser atendidas.
Desde a pandemia do coronavírus, o número de passageiros do transporte coletivo reduziu-se em mais de 50%. Em 2024, levantamento do O POVO revelou que o número de viagens também havia diminuído, com redução em mais da metade das linhas. A concorrência dos aplicativos de transporte por motocicletas também contribuiu para reduzir o fluxo de passageiros nos ônibus.
É de se considerar que os coletivos são utilizados, essencialmente, pela população de baixa renda, que já sofre bastante com a precariedade do serviço oferecido.
Existe uma longa lista de queixas comprováveis e recorrentes, que raramente são corrigidas, apontadas por quem precisa utilizar-se do transporte público. Superlotação, insegurança, longo tempo de espera, acúmulo de sujeita, dificuldade de acesso, aparelhos de climatização sem funcionar, entre outras.
O presidente do Sindiônibus diz agora que a situação tende a ficar ainda pior, o que exige providências por parte da Prefeitura e das empresas de ônibus.
Não se trata de encontrar um culpado pela deterioração a que chegou o sistema, mas de resolver um problema que afeta um segmento da população que depende do serviço para se locomover pela cidade.
É preciso agora o máximo de transparência, tanto da Prefeitura quanto das empresas para fazer um diagnóstico preciso da situação e encontrar uma saída para o impasse.
Seria também recomendável que as propostas avançassem para além da emergência que se apresenta, buscando-se soluções estruturais para melhorar o sistema de transporte em Fortaleza.
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