
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Buscar os responsáveis pela fraude que atingiu um dos setores mais vulneráveis da sociedade, para que sejam punidos nos termos da lei, tem de ser o objetivo central da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.
A oposição conseguiu impor uma derrota inesperada ao governo na composição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará os descontos indevidos nas aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
No processo de instalação da CPMI, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em concordância com o governo federal, articularam para indicar os principais cargos da CPMI.
Pelo acordo, a presidência da comissão seria exercida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) e a relatoria seria ocupada pelo deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).
É provável que os negociadores do governo tenham confiado demais na articulação — que teve o envolvimento direto dos presidentes das duas casas legislativas — considerando o assunto resolvido.
No entanto, a quarta-feira, data da instalação da CPMI, foi um dia de surpresa negativa para os aliados do governo. A oposição mobilizou-se rapidamente e conseguiu modificar o cenário a seu favor, superando a influência dos presidentes das duas casas — e dos líderes petistas encarregados do assunto.
Na votação para indicar o presidente da CPMI, a oposição derrotou os candidatos governistas. O mais votado para presidir a comissão que vai investigar as fraudes no INSS foi o senador oposicionista Carlos Viana (Podemos-MG), que indicou como relator o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), também do campo oposicionista.
Ficou evidente a falta de articulação do governo, o que levou a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), a convocar uma reunião com aliados para discutir o assunto. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AM), assumiu a responsabilidade pela derrota, admitindo ter subestimado os adversários.
Faz tempo que o governo enfrenta dificuldades, por problemas criados pelo próprio Executivo, como foi a má condução na crise do Pix. E, agora, com Randolfe, um político experiente da base governista, cometendo erros primários, que levou à perda do comando da CPMI.
A rigor, uma CPMI tem de delimitar o objeto de suas investigações, firmando o compromisso de funcionar como instrumento de apuração independente. Ou seja, tem de fazer uma investigação, apontando eventuais responsáveis pelas fraudes, independentemente de considerações partidárias ou ideológicas.
É de se esperar, mesmo sem muita expectativa, que o melhor aconteça, e que o plenário da comissão não se transforme em uma rinha partidária, com vistas à eleição do próximo ano.
Buscar os responsáveis pela fraude que atingiu um dos setores mais vulneráveis da sociedade, para que sejam punidos nos termos da lei, tem de ser o objetivo central da CPMI.
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