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A hora de punir quem merece punição
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Editorial opinião

A hora de punir quem merece punição

O mundo observa com atenção o fim do longo, penoso e traumático processo de investigação contra a tentativa de golpe de Estado no Brasil. Em geral, reconhecendo que a sociedade está conseguindo oferecer a resposta que a situação requer

Há um sentido histórico no julgamento que começa nessa terça-feira, dia 2, sob os olhares atentos do País e, pode-se dizer, também a curiosidade da comunidade internacional. Sentam-se no banco dos réus os integrantes do chamado núcleo central de um movimento observado entre os anos de 2022 e 2023, com objetivo definido de ignorar o resultado eleitoral e manter no poder o então presidente da República, Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva.

A institucionalidade tem prevalecido, ainda bem, e a decisão do eleitor, através da maioria, acabou sendo respeitada. É o que demonstra a etapa de hoje do processo de resposta das forças do Estado, com o início do julgamento de oito acusados de fazer parte deste núcleo, dentre eles o próprio Jair Bolsonaro. A impunidade, no sentido de falta de esforço para apurar e punir responsabilidades, não prevalecerá.

Além do ex-presidente, serão julgados pela 1ª turma do STF seu ex-ajudante de ordens, tenente coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, o ex-dirigente da Abin, Alexandre Ramagem, o almirante Almir Ganier, ex-comandante da Marinha, e os generais Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Walter Braga Neto, todos também integrantes do governo anterior ocupando cargos civis de primeiro escalão. Na lista, destaca-se a condição de Mauro Cid, que fez acordo de colaboração com a justiça e fundamenta, com seu depoimento, boa parte das acusações.

O fato de tudo vir acontecendo no limite do que é legal, garantindo defesa plena aos envolvidos, de maneira clara e transparente, é uma vitória da democracia. Existem queixas, críticas e até denúncias da parte dos que são acusados, especialmente considerando que um deles tem capacidade de mobilizar muita gente em sua defesa, mas a postura firme do ministro-relator, Alexandre de Moraes, e do conjunto do STF quando chamado a se manifestar, garantiu que o processo chegasse à etapa de conclusão que hoje começa a contar.

Com os excessos inevitáveis, de parte a parte, as coisas registram-se dentro de uma normalidade aceitável, apesar do teste a que tem sido submetida nossa estrutura institucional. Há prevalecido a serenidade nas reações daqueles que agem em nome do Estado, inclusive quando a situação atinge também o quadro econômico, como se dá na crise com os Estados Unidos devido à decisão injustificável do governo de Donald Trump de aplicar sanções contra o País e algumas autoridades brasileiras, atrelando-as a uma pressão para interferir no processo em favor de um ex-aliado.

O mundo observa com atenção o fim do longo, penoso e traumático processo de investigação contra a tentativa de golpe de Estado no Brasil. Em geral, reconhecendo que a sociedade, através de suas representações institucionais, está conseguindo oferecer a resposta que a situação requer, esperando-se, até o dia 12 próximo, que a justiça se faça prevalecer. Punindo quem merecer punição, absolvendo quem justificar absolvição. Doa a quem doer. n

 

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