
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A absolvição de sete réus durante o quarto julgamento do crime que ficou conhecido como Chacina do Curió, bairro na região da Grande Messejana, levou o Ministério Público do Ceará (MPCE) a recorrer da decisão da 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza. Em quatro das cinco etapas do julgamento do crime, desde 2023, foram absolvidos 21 PMs e seis acabaram condenados.
"O resultado deste júri não era o esperado pelo Ministério Público e, por isso, interpomos recurso para ser julgado pelo Tribunal de Justiça", afirmou o procurador-geral de Justiça, Haley Carvalho. Ele acrescentou que, em todas as fases, houve recursos e os processos ainda serão apreciados pelo Tribunal da Justiça do Ceará (TJCE).
O julgamento é resultado do crime cometido entre a noite do dia 11 e madrugada do dia 12 de novembro de 2015, quando pelo menos 12 viaturas da Polícia Militar e dezenas de PMs invadiram o bairro em uma expedição punitiva, que atingiu moradores indistintamente. Durante a ação criminosa, foram assassinadas 11 pessoas, a maioria jovens. Nove vítimas tinham entre 15 anos e 22 anos; os outros dois tinham 40 anos e 41 anos.
A ação, completamente ilegal e conduzida à revelia do comando da PM, deu-se como vingança pelo fato de um policial ter sido assassinado no bairro. Porém, o crime, praticado por um assaltante, nada tinha a ver com as pessoas assassinadas, algumas arrancadas de dentro de casa e executadas à vista de familiares.
O julgamento foi acompanhado por integrantes do Movimento Mães do Curió, formado após a chacina, para pedir justiça para filhos e netos mortos na ação da PM. Suderli Lima, mãe de uma das vítimas, com 17 anos à época do crime, disse que elas não têm "sentimento de vingança" contra a PM, mas demonstram descontentamento com algumas absolvições.
Segundo o Ministério Público, os réus absolvidos compõem o "núcleo da omissão" da Chacina do Curió. Conforme a denúncia do MPCE, "os policiais militares tinham o dever legal e podiam agir para evitar a tragédia, mas nada fizeram", havendo provas suficientes para a condenação.
Em vista da gravidade do caso, considerada a maior chacina na história de Fortaleza, age corretamente o Ministério Público ao recorrer ao Tribunal de Justiça, pois é necessário que o processo seja analisado com a maior acuidade possível.
É fato que não se pode condenar um eventual inocente, mas também não pode ficar sem punição aqueles que participaram ou concorreram para o cometimento de crime hediondo, que ceifou a vida de pessoas que não sabiam ao menos o motivo pelo qual estavam sendo perseguidas e mortas.
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.