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Aumentam casos de violência nas escolas
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Editorial opinião

Aumentam casos de violência nas escolas

Para enfrentar a situação, especialistas afirmam que não bastam medidas punitivas, pois é preciso enfrentar as causas estruturais do problema

Estudo inédito "Para lembrar e reagir: desenhando futuros possíveis a partir da ressignificação dos ataques de violência extrema contra escolas no Brasil", mapeou 42 atentados perpetrados em escolas no Brasil, entre 2002 e 2025. A pesquisa foi realizada pela coordenação da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).

As ocorrências causaram 53 mortes e deixaram 129 feridos. Os ataques mais letais foram cometidos com armas de fogo, com 42 mortes. Em outras situações, os agressores portavam armas brancas, como facas e canivetes, que provocaram 11 mortes. A pesquisa foi publicada pela revista piauí.

No período, pelo menos dois casos aconteceram no Ceará. Em um ataque na cidade de Farias Brito, duas meninas foram feridas a faca por um colega da escola. Outro caso aconteceu em Sobral, quando um estudante matou um aluno, deixando outro ferido. O atirador utilizou uma arma de um Colecionador, Atirador e Caçador (CAC) para perpetrar o crime.

Normalmente, o noticiário sobre violência nas escolas, era originário dos Estados Unidos, fenômeno atribuído à facilidade com que se compra e vende armas no país do norte. Relatório da Everytown for a Gun Safety registrou pelo menos 144 tiroteios nas dependências de escolas, resultando em 36 mortos e 87 feridos, no último ano letivo americano.

É fato que a situação dos EUA é mais dramática do que a brasileira. No entanto, ainda que fosse uma única criança vítima dessas circunstâncias, a situação já seria grave o suficiente para exigir a intervenção das autoridades. Por isso, é preciso agir logo.

No entanto, é de se lembrar que esse foi um problema inexistente na sociedade brasileira durante longo tempo. O estudo aponta que a maioria dos casos levantados (35 dos 42) aconteceu a partir de 2018, indicando a escalada recente do fenômeno.

O estudo chega à conclusão que o aumento da violência escolar resulta de uma multiplicidade de fatores, como a maior facilidade para acesso a armas de fogo, radicalização online dos discursos de ódio, misóginos e racistas — e a ausência de políticas de prevenção e cuidado, que deveriam ser executadas pelas escolas.

Para enfrentar a situação, os especialistas recomendam desde ampliar as políticas de saúde mental, passando pelo fortalecimento da convivência escolar e a gestão democrática, até uma articulação entre educação, saúde, assistência social e segurança pública para permitir respostas rápidas e integradas.

Os estudiosos do assunto também listam o que não funciona para prevenir ataques, como policiamento ostensivo dentro das escolas e resposta exclusivamente repressivas. Ou seja, limitar-se às medidas de vigilância e punitivas, sem enfrentar as causas estruturais do aumento da violência dentro das escolas.

 

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