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Taxa Selic deve ficar em 15% até o fim do ano
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Editorial opinião

Taxa Selic deve ficar em 15% até o fim do ano

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ter ficado "preocupado" com o patamar atual. Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, considerou "incompreensível" não haver queda na taxa de juros

Com os assuntos políticos dominando o noticiário, passou mais ou menos despercebido o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A decisão foi manter a taxa básica de juros em 15% ao ano.

Também não se observou nenhum protesto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reprovando o Banco Central, o que era comum quando Roberto Campos Neto chefiava o BC. Lula chegou a dizer que Campos Neto era "anti-Brasil" e que Gabriel Galípolo, atual presidente do BC, indicado por ele, iria "consertar" a taxa de juros.

Campos Neto concluiu seu mandato em dezembro de 2024, deixando a Selic em 12,5%, isto é, 2,5 pontos percentuais a menos do que a taxa atual, sob o comando de Galípolo. No entanto, desde que ele assumiu a direção do Banco Central, cessaram as queixas de Lula.

A crítica do governo aos juros altos representa a corrente dos que entendem que a Selic mais baixa estimula os setores empresariais, favorecendo o desenvolvimento do país. Além disso, com juros mais baixos, o custo da dívida pública se reduz, liberando recursos para aumentar os investimentos públicos.

Na visão contrária alinham-se o mercado financeiro e setores liberais mais conservadores, que dão prioridade ao controle da inflação. A taxa de juros alta provoca diminuição do consumo e torna os empréstimos mais caros, reduzindo a pressão inflacionária.

E por que o Copom manteve a taxa de juros em 15%?

O comunicado oficial do Copom explica a manutenção da taxa em 15%, "em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos". Ou seja, há um ambiente de incerteza, que não garante que a inflação vá recuar para 3%, o centro da meta.

A conjuntura brasileira também foi levada em conta pelo Copom, que viu "crescimento moderado" nos indicadores de atividade econômica, apesar do "dinamismo" do mercado de trabalho. "As expectativas de inflação para 2025 e 2026, apuradas pela pesquisa Focus (boletim do BC), permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,8% e 4,3%, respectivamente", registrou a nota.

A perspectiva do mercado é que a taxa de juros comece a cair somente em 2026. Mas o BC não descarta retomar as altas se for preciso forçar a inflação a ficar dentro da meta.

Para ter certeza sobre as intenções do Banco Central, será preciso esperar as próximas reuniões do Copom, que serão realizadas nos dias 4 e 5 de novembro e 9 e 10 de dezembro.

Lula não fez crítica ao presidente do Banco Central, deixou a tarefa para seus ministros. Fernando Haddad (Fazenda), disse que ficou "preocupado" com o patamar atual. Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) considerou "incompreensível" não ter havido queda. Eles, porém, não citaram o nome de Gabriel Galípolo.

 

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