
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A sucessão de episódios violentos que o Ceará registrou neste final de semana recente, com pelo menos três situações que por detalhes não se transformaram em chacinas, expõem a gravidade do quadro que hoje nos desafia como sociedade. Responsabilizar o governo da vez e as autoridades no poder parece natural, e justo, mas é importante discutirmos o problema numa perspectiva mais ampla.
Relata-se três casos, em diferentes pontos do Estado, nos quais criminosos atiraram contra grupos de pessoas, com indicações de que tinham os alvos definidos. Entre sábado e domingo, registraram-se episódios do tipo em Sobral, Itapipoca e Juazeiro do Norte, acumulando saldo trágico de 5 mortes e 10 pessoas feridas. Dentre estas últimas, 2 crianças, uma tragédia.
As autoridades policiais anunciaram prisões, prometem uma resposta dura, enquanto o governador Elmano de Freitas (PT) foi às redes sociais lamentar os fatos e reforçar a disposição do Estado de reagir à altura. Nada fora do que é obrigação de cada um, havendo necessidade, porém, de encaminharmos o debate numa linha mais profunda, que nos permita buscar as causas e não continuar, como temos feito, correndo atrás apenas das consequências.
No mundo ideal, interesses políticos, especialmente quando meramente eleitorais, seriam relativizados, permitindo que todas as forças de bem da sociedade se integrem ao esforço de defender a população cearense da ameaça representada pelo avanço de um crime organizado que age a cada dia com mais ousadia. Independente da posição onde cada um esteja, como integrante do governo ou sem fazer parte dele.
Claro que não seria correto cobrar da oposição que deixe de cumprir seu papel crítico, de maneira firme quando necessário. Uma democracia só se faz forte e digna do nome quando as vozes contrárias encontram espaço para circular livremente com seus questionamentos eventuais à política que esteja em execução, no caso específico aquela relacionada à área da segurança pública.
O que acontece é que o cenário com o qual nos defrontamos impõe urgência na reação das forças organizadas, no governo e na sociedade. Portanto, o ideal, para agora, é buscar a identificação de consensos, a partir dos quais podemos organizar melhor as ações de curto prazo que pareçam capazes de inibir o crime e os criminosos. Independente de partidos ou ideologias, insistiremos.
Certo é que não convém continuar assistindo passivamente uma matança que não condiz com uma estrutura civilizada de sociedade. A forma como se repetem os casos em que pessoas armadas atiram contra grupos de pessoas nas nossas cidades indica um tipo de problema que precisamos estar unidos para enfrentar. Depois, no momento certo, chamamos o cidadão para, no voto, dizer se convém manter o poder nas mãos de quem está ou se é hora de oferecer chances a outros grupos e novas pessoas. n
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