
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que se pode dizer quando dois adolescentes são brutalmente assassinados a tiros e outros três são feridos dentro de uma instituição de ensino? Foi o que aconteceu na quinta-feira em uma escola pública, em Sobral (233 km de Fortaleza). Era hora do intervalo, cerca de 600 alunos estavam no pátio. Vizinhos ouviram uma "rajada de tiros", disparados por dois homens, que fugiram em uma moto. Os jovens mortos tinham 16 e 17 anos.
Camilo Santana, ministro da Educação, anotou em uma rede social, dizendo ter recebido "com tristeza e indignação" a notícia, e fez uma convocação genérica dizendo ser hora de "unir forças", apelando para um trabalho conjunto para preservar a escola como "espaço sagrado, lugar de paz e de acolhimento".
Elmano de Freitas, governador do Ceará, também escreveu, afirmando ter recebido a notícia com "indignação e profundo pesar", classificando o crime como "fato gravíssimo e intolerável".
Infelizmente, essas palavras, ou parecidas, são repetidas a cada vez que a barbárie mostra a sua face de horror. E o pior, serão ditas novamente se nada de concreto for feito para se chegar às causas dessa brutalidade, de modo a extingui-la.
Não se trata de culpar um ou outro governante, a eles também devem faltar palavras diante do horror, ao mesmo tempo em que erram sobre a forma de como enfrentar o problema.
O fato é que a violência espalha-se por todo o país, independentemente do partido ou ideologia do governante de plantão, atingindo a todos, indistintamente. Portanto, politizar o acontecimento ou descontextualizar o ataque é um meio macabro de obter dividendos políticos.
De qualquer forma, é inafastável a responsabilidade de cada governador pelo que acontece em seu estado, neste caso, principalmente porque já havia alerta de que um estudante estava ameaçado por facções, ainda que não tenha sido nenhum dos atingidos no atentado.
Assiste-se, no Ceará, a uma política de segurança pública que já se revelou equivocada onde quer que tenha sido aplicada. Apela-se para o aumento do número de policiais, estimula-se o confronto, anuncia-se a captura de "chefes" de facções, comemora-se o número de prisões, porém a situação agrava-se cada vez mais.
O fato é que encontrar um meio para "unir forças" e fazer o trabalho conjunto, como propõe o Camilo Santana, não parece tão simples ou já teria sido feito. Apesar de a violência, de um modo ou de outro, atingir a todos, infelizmente ainda não se chegou a um consenso mínimo de como combatê-la de modo eficaz.
Enquanto isso, resta a tentativa de amenizar os efeitos da tragédia: acolher as famílias, prender os responsáveis pelo crime e levá-los a julgamento. Nada disso corrige o mal causado, nem alivia a dor de uma mãe e de pai que perdem um filho, de maneira tão estúpida, em um ambiente que deveria protegê-lo.
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