
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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É injustificável, sob qualquer ângulo que se analise, a medida unilateral tomada pelo Sindiônibus (sindicato que representa as empresas de transporte coletivo urbano) ao cortar da noite para o dia 25 linhas de ônibus em Fortaleza. Para completar o malfeito, também foi reduzido o número de coletivos em 29 trajetos.
As empresas não se deram ao trabalho de, ao menos, emitirem um aviso com antecedência, demonstrando completo desprezo pela população fortalezense que depende do transporte coletivo.
Milhares de passageiros foram surpreendidos quando se dirigiam ao trabalho, pois não conseguiam localizar as linhas às quais estavam habituados. O sofrimento na madrugada de segunda-feira levou à busca desesperada por linhas alternativas, com os ônibus ficando ainda mais lotados; pessoas sem saber para onde se dirigir ou a quem recorrer — chegando atrasadas ao trabalho.
Para completar, a medida foi tomada pelas empresas concessionárias de forma arbitrária, surpreendendo também a Empresa de Transporte Urbano do Município (Etufor), que emitiu uma nota afirmando não ter sido avisada da suspensão das linhas.
O presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, alega que o corte foi necessário para "equilibrar as finanças", por isso, não teria mais como manter as rotas. Reclama também que os subsídios pagos pela Prefeitura são insuficientes para manter todos os trajetos.
Entretanto, as empresas não podem romper o contrato de concessão de maneira abrupta, como fizeram, sem considerar as pessoas que dependem do transporte coletivo.
Se ainda não fosse o bastante, Dimas Barreira ameaçou cortar mais linhas, "caso a negociação do subsídio não ande", segundo declarou a este jornal. É inaceitável que o Sindiônibus ponha uma faca no pescoço da Prefeitura e depois fale em "negociar", em uma paródia do estilo Donald Trump.
É de se lembrar não ser esta a primeira vez que o Sindiônibus trata o fortalezense com falta de urbanidade, ou melhor, de humanidade.
Durante muito tempo os passageiros foram humilhados com as chamadas "catracas duplas" ou "elevadas", que provocavam grande constrangimento em pessoas com mobilidade reduzida, gestantes, passageiros usando mochilas ou sacolas, que tinham dificuldade em ultrapassar a barreira. Os entraves foram retirados depois da extensa repercussão negativa que o caso obteve.
Quanto à situação atual, a Prefeitura deveria pedir à Justiça para determinar que os ônibus voltem a circular, negociando, se for o caso, com a frota completa rodando. Aceitar chantagem é impróprio em ambiente democrático.
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