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PF vai investigar adulteração de bebidas
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Editorial opinião

PF vai investigar adulteração de bebidas

Será imperdoável se a questão principal, a de acabar com essa prática ilegal e prender os responsáveis pelos danos causados, for sobreposta por mesquinhas disputas ideológicas ou partidárias

A adulteração de bebidas alcoólicas destiladas, com o uso de metanol, substância altamente tóxica, parecia restrita ao estado de São Paulo. No entanto, com o surgimento de três casos em Pernambuco, o episódio começa a ganhar contornos nacionais.

Se a situação já era preocupante, torna-se agora mais grave, exigindo trabalho conjunto de autoridades locais e federais para resolver o caso. Pelo menos cinco mortes decorrentes do consumo de bebidas com o produto tóxico foram registradas.

Quanto à investigação, existe divergência entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o diretor da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues.

O governo paulista descarta a participação do crime organizado na adulteração das bebidas. Segundo Tarcísio, algumas destilarias clandestinas identificadas pela polícia não tinham relação entre elas.

Para o superintendente da Polícia Federal, essa possibilidade está aberta: "A investigação dirá se tem conexões com o crime organizado", disse ele.

Em casos assim, o melhor é não afastar nenhuma hipótese, até a conclusão das investigações, ainda mais quando se sabe que as facções diversificaram sua atuação, inclusive infiltrando-se na economia formal.

Recentemente, a operação Carbono Oculto, da PF, descobriu que o Primeiro Comando da Capital (PCC) utilizava uma rede de postos de gasolina para lavar dinheiro — e ainda importava metanol para misturar o produto no combustível para aumentar o lucro. No entanto, isso também não autoriza um vínculo automático com o caso da contaminação de bebidas.

Independentemente das avaliações divergentes, o importante é a união de forças para evitar que mais pessoas consumam produtos contaminados. O Ministério da Saúde determinou que todos os casos suspeitos de intoxicação sejam notificados ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, antes mesmo da confirmação do diagnóstico, ajudando a prevenir novos casos.

As autoridades de saúde pública também recomendam que bebidas alcoólicas sejam adquiridas apenas em estabelecimentos confiáveis, verificando o lacre de segurança e possíveis irregularidades no rótulo do produto.

Também preciso ficar atento ao comportamento das autoridades políticas que vão lidar com o caso, em qualquer nível. Seria inaceitável que um assunto dessa gravidade, um crime que põe em risco a integridade física e a vida das pessoas, se transformasse em motivo de disputas políticas. Possíveis divergências metodológicas quanto ao tratamento do assunto, devem ser debatidas em seu nível técnico.

Será imperdoável se a questão principal, a de acabar com essa prática ilegal e prender os responsáveis pelos danos causados, for sobreposta por mesquinhas disputas ideológicas ou partidárias.

 

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