
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O período de 24 horas do último sábado, dia 12, registrou o acúmulo de 17 homicídios no Ceará. Convenhamos, não é um número aceitável para uma sociedade que se entenda civilizada e demonstra-se um erro, que nos recusamos a respaldar, atribuir-se a nova estatística trágica apenas ao resultado de uma disputa de poder entre grupos criminosos que seguem a desafiar as estruturas de Estado com suas ações ousadas.
O acumulado da violência deste sábado, contado o número de vítimas que deixaram suas vidas pelo caminho, foge até àquele cotidiano extravagante com o qual nos acostumamos a lidar. Já é trágico, em si, que aceitemos com normalidade o fato de as datas vinculadas ao dia, neste ano de 2025, apresentarem 11,5 assassinatos como média.
Cobrar o governo da vez, e com especialidade quem dentro dele está responsável por apresentar soluções para os problemas na área, é parte da questão e entendemos que, sim, as respostas têm sido insuficientes. Caminhos novos precisam ser buscados numa resposta que não apenas combata o crime depois dele materializado, deixando um rastro de estatísticas assustadoras, mas, com uma prioridade maior do que a que tem sido observada, o Estado precisa olhar mais atento para atitudes de caráter preventivo.
O fato é que nem sempre o caminho da priorização à resposta ostensiva leva aos melhores resultados quando se busca o restabelecimento da paz verdadeira e não apenas uma mera vitória circunstancial das forças do bem sobre as representações do mal dentro de uma sociedade. Neste espaço, O POVO tem sistematicamente alertado para a importância de uma política de segurança que dê importância objetiva e real à investigação e às ações, em geral, com foco no momento que antecede o ato delituoso ao invés de ficar apenas correndo atrás de situações criminosas já com seus efeitos determinados.
Certamente, a próxima campanha eleitoral, programada para 2026, colocará a crise da segurança pública nos seus holofotes. O que se espera, embora não exista indicação nesse sentido pelas reações de agora de quem faz a oposição, é que as forças políticas mobilizadas na disputa apresentem algum esforço de mergulhar com profundidade na crise para oferecerem soluções novas numa perspectiva de futuro. Não se espere uma bala de prata capaz de reverter o contexto preocupante do dia para noite, há de se ter consciência que isso exigirá planejamento, perseverança e tempo.
É urgente que retomemos a capacidade de indignação com um levantamento que aponte 17 mortes violentas em municípios cearenses no prazo de apenas 24 horas. Uma realidade que é possível mudar, sim, desde que se entenda que isso não acontecerá de forma mágica, apenas com a substituição de nomes ou de siglas à frente de um governo. É um movimento que exige alteração profunda na forma como lidamos com uma conjuntura que exige uma política diferente. Algo nem sempre traduzível como um novo governo. n
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