
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), começou a "meter a faca" — expressão usada pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE) — para retirar dos cargos públicos os indicados por partidos que derrubaram a medida provisória 1303/25.
A MP taxaria rendimentos de aplicações financeiras e casas de apostas onlines — e era fundamental para o governo equilibrar as pontas públicas. Aliados do presidente Lula acusam o Centrão de ter quebrado um acordo para aprovar a medida. O presidente teria então decidido manter nos cargos somente indicados por partidos que mantiveram a fidelidade às propostas do governo.
As demissões começaram na sexta-feira e já foram exonerados de cargos que ocupavam os indicados pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), por Gilberto Kassab, presidente do PSD, além de aliados do União Brasil e do MDB. Segundo o Uol, o Centrão tem cerca de 380 filiados com cargos comissionados na Esplanada dos Ministérios. Estatais também entram nessa conta; a Caixa Econômica Federal tem aliados do PP e PL ocupando vices-presidências e outros cargos no banco, que também estão sendo demitidos.
O governo age em coerência com a lógica vigente, qual seja, a troca de cargos e de emendas parlamentares por apoio político, portanto, quem não cumpre esse acordo não escrito fica sujeito a retaliações. Mas o problema é que esse modo de fazer política, ainda que não seja ilegal, arranha os princípios que devem nortear a administração pública.
Se há partidos dispostos a oferecer apoio ao governo em troca de cargos, é um forte indicativo de que estão mais preocupados com as benesses que vão auferir do que em diferenciar o certo e o errado ou afinados com os interesses da população. Por outra vista, se o governo abdica dessa fórmula, a governabilidade fica em risco, assim, o mandatário termina por resolver o dilema optando pela ética da responsabilidade.
O que também dificulta a governabilidade, no caso específico da atual gestão de Lula, é desconexão entre um presidente de esquerda e a maioria do Congresso Nacional de direita ou de centro-direita. Reconheça-se ser difícil ao eleitor identificar a ideologia que move cada sigla entre os 29 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Frise-se, no entanto, que o problema se repete um governo após outro, provocando crises e instabilidades políticas, com repercussão na vida das pessoas. A ver agora como a realidade vai se desenrolar com esse abalo sofrido pelo presidencialismo de coalização, que já vinha rateando.
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