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Reunião indica postura mais pragmática dos EUA
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Editorial opinião

Reunião indica postura mais pragmática dos EUA

Os Estados Unidos demonstram estar mais preocupados com os negócios do que em livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão

A delegação brasileira, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, encontrou-se, nesta quinta-feira, em Washington, com Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA. A reunião iniciou-se com um encontro bilateral de 15 minutos entre Rubio de Vieira, em seguida, as equipes de ambas as partes foram agregadas ao encontro, que durou cerca de uma hora.

Ao fim do evento, em rápida entrevista coletiva, o ministro disse que a conversa fora "muito construtiva" em "clima excelente de respeito mútuo". O ministro não informou quais temas foram abordados, pois a conversa seria uma preparação para o encontro entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá ocorrer brevemente.

O choque entre os dois países começou após a taxação de produtos brasileiros, que os Estados Unidos importam, chegar a 100%. Entretanto, é preciso lembrar que a pauta política apresentada pela Casa Branca era o principal ponto de desencontro, que impedia a negociação entre os dois países.

O governo americano impunha como exigência para abrir negociações a suspensão do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado, ou a votação de uma anistia pelos crimes cometidos.

Em resposta, o Palácio do Planalto rechaçou com veemência a proposta, por pressupor indevida interferência no Judiciário, vista como um ataque direto à soberania brasileira. Os Estados Unidos fizeram outra ofensiva aplicando sanções da Lei Magnitsky sobre ministros do Supremo Tribunal Federal e outras autoridades.

Essas desavenças eram ampliadas pela atuação do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que, nos Estados Unidos, incentivava os ataques da Casa Branca contra o Brasil.

Esse clima belicoso começou a desfazer-se durante a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no mês passado, quando houve um encontro nos bastidores, aparentemente fortuito, entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva. O que começou com um aperto de mão evoluiu para um abraço, gerando uma "química", que envolveu os dois presidentes, segundo relato de Trump.

Em seguida, Lula e Trump tiveram uma conversa telefônica que o presidente brasileiro classificou como "extraordinariamente boa". "Era preciso que a gente conversasse, colocasse os nossos problemas em torno de uma mesa. Depois dessa conversa, em que as coisas ficaram mais claras, eu disse para ele o que pensava, ele me disse o que pensava, e ficamos de marcar um encontro presencial", disse ele na ocasião, em entrevista à TV Mirante.

Esse encontro agora, entre Vieira e Rubio, confirma que os Estados Unidos estão adotando uma postura pragmática para se relacionar com o Brasil, mais focada em negócios do que em política. Isso leva a concluir que, possivelmente, as sanções aplicadas pela Lei Magnitsky serão retiradas, e a exigência para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão será esquecida.

 

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