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Um sopro de esperança em Gaza
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Editorial opinião

Um sopro de esperança em Gaza

O acordo que permitiu um esperado - e cobrado - cessar-fogo em Gaza é uma notável oportunidade para a paz definitiva em uma região conflagrada
Tipo Opinião

Os vinte reféns israelenses que ainda estavam em poder do grupo Hamas foram libertados após 738 dias de cativeiro na Faixa de Gaza. Também foram entregues os corpos de quatro reféns falecidos. Em contrapartida, Israel libertou palestinos que estavam presos, e foi iniciado o processo de devolução dos corpos de reféns mortos e de prisioneiros palestinos libertados. Tudo isso ocorreu sob acompanhamento de equipes médicas e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Isso foi possível graças ao acordo de cessar-fogo em Gaza, que ocorreu durante a cúpula que discute os próximos passos do processo de paz. O acordo foi assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump na segunda 13/10, em rápida viagem ao Egito. É certo que a ação de Trump foi decisiva para a assinatura do acordo. Ele mesmo disse que o momento é um "amanhecer histórico de um novo Oriente Médio".

O resultado deu a ele a garantia de que conseguiu a virada que tanto esperava. "Tudo o que fiz na vida foram negócios. Os maiores negócios simplesmente acontecem… Foi o que aconteceu aqui. E talvez este seja o melhor negócio de todos", resumiu.

Sabe-se que o acordo prevê um cessar-fogo e a troca de reféns por prisioneiros. Não é um acordo de paz essencialmente. Também não se pode definir como o início de um processo de paz. O acordo, no entanto, representa uma lufada de esperança em meio a uma guerra que teve início em 7 de outubro de 2023, quando um ataque surpresa do Hamas resultou na morte de aproximadamente 1.200 israelenses e na tomada de 251 reféns.

Sob o acordo, o grupo palestino Hamas não representaria mais uma ameaça para Israel. Continua, entretanto, sendo uma ameaça para os palestinos. Ao longo dos últimos dias, não foram poucos os relatos, pela imprensa internacional, de que áreas em Gaza ainda sob o controle do grupo estão cercando palestinos que se opõem ao seu governo e realizando execuções nas ruas.

As dúvidas sobre o cumprimento das promessas das duas partes do acordo deixam questões abertas e sem discussão até o momento. Uma delas é que Israel quer garantir que o grupo palestino entregue suas armas e deixe Gaza. Os israelenses, além disso, exigem que um governo pós-conflito para o território palestino não seja estabelecido sob o domínio do Hamas ou da Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia.

Por sua vez, o Hamas demanda que Israel retire completamente suas tropas e não tenha permissão para reiniciar os ataques.

O acordo que permitiu um esperado - e cobrado - cessar-fogo em Gaza é uma notável oportunidade para a paz definitiva em uma região conflagrada. Há, no entanto, ainda muitas dúvidas quanto à consistência do que foi anunciado, sob intermediação dos Estados Unidos. O importante, por ora, é que se busque um acordo definitivo em nome das reais vítimas, especialmente do lado palestino. n

 

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