Logo O POVO+
A polêmica da Margem Equatorial
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

A polêmica da Margem Equatorial

A descoberta de petróleo na Margem Equatorial pode ser uma grande oportunidade ou uma grande frustração, dependendo de como essa riqueza será distribuída

Às vésperas da COP30, após cinco anos de estudo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou a Petrobras a perfurar um poço exploratório para verificar a viabilidade econômica da extração de petróleo na Margem Equatorial.

O anúncio do Ibama reavivou uma polêmica que sempre esteve presente desde que o assunto entrou em pauta.

De um lado, aqueles que se manifestam contra a exploração, argumentando que os prejuízos ao meio ambiente superam os possíveis resultados econômicos que serão obtidos com a atividade. Eles afirmam que insistir no uso do combustível fóssil contribui para o aquecimento global e contraria a transição energética, assuntos que preocupam governantes em todo o mundo. Citam ainda o risco para a biodiversidade marinha — e os danos irreparáveis que poderiam causar um vazamento acidental.

De outra parte, os que se alinham à perfuração de novos poços, asseguram que todas as medidas de proteção à natureza foram tomadas, apontando que a própria transição necessita do uso do petróleo, produto que o Brasil terá de importar a partir de 2030 se não abrir novas reservas.

Defendem ainda que os ganhos com a comercialização do petróleo serão um fator de desenvolvimento regional, principalmente para estados das regiões Norte e Nordeste.

A ministra do Meio Ambiente (MMA), Marina Silva, afirmou que a competência para avaliar tecnicamente o licenciamento é responsabilidade do Ibama. Em nota, o MMA afirmou que a operação deve seguir "os mais rigorosos critérios técnicos, científicos e ambientais", garantindo "o respeito" aos povos e comunidades da região do empreendimento. Ou seja, a ministra não se opôs publicamente à autorização do Ibama.

O tempo que o instituto demorou para preparar seu relatório, as exigências adicionais que fez à Petrobras para conceder o licenciamento, e o fato de ter divulgado sua decisão em um momento delicado, no período da COP30, demonstram que, caso o órgão tenha sofrido alguma pressão, elas não surtiram efeito.

Mas, no momento em que se volta a falar em "fundo soberano" para destinar recursos do petróleo à educação, saúde e preservação ambiental, é preciso lembrar que as mesmas promessas foram feitas quando da descoberta do pré-sal. O fundo, até hoje existente, foi desvirtuado, com a ampliação dos segmentos em que os recursos podem ser aplicados.

A descoberta de petróleo na Margem Equatorial, pode ser uma grande oportunidade ou uma grande frustração, dependendo de como essa riqueza será distribuída.

Há o adendo que o debate vai continuar, pois a perfuração autorizada é um teste para verificar a quantidade de petróleo explorável. No mais, é admitir a existência de argumentos fortes de parte a parte.

Que prevaleça o que for melhor para o Brasil.

 

Foto do Editorial

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?