O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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O governo do Rio de Janeiro desencadeou na terça-feira, nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, uma operação considerada a mais letal da história do Estado. Segundo informações oficiais, o confronto deixou 60 "suspeitos" e quatro policiais mortos. Mas a contagem macabra ainda não havia terminado, pois moradores resgataram cerca de 60 corpos em matas que circundam as comunidades.
A operação, que mobilizou 2.500 policiais civis e militares, tinha o objetivo de conter o avanço territorial da facção criminosa Comando Vermelho (CV) nas comunidades, além de cumprir mandados de prisão contra líderes criminosos.
O conflito praticamente paralisou a cidade do Rio, que viveu um clima típico de uma guerra, com tiroteios, helicópteros sobrevoando as comunidades e drones, pilotados por criminosos, usados para lançar bombas sobre os policiais, que também atingiam moradores.
Essa "megaoperação", como vem sendo chamada, lembra outra, desencadeada 15 anos atrás, que prometia livrar o Complexo do Alemão do controle dos traficantes de drogas. O mesmo já havia acontecido, em 2021, quando 27 civis foram mortos no Jacarezinho. A lista de confrontos, que nada resolvem, poderia seguir, quase que indefinidamente.
Portanto, já devia ser de conhecimento das autoridades que ações isoladas, sem o acompanhamento de medidas complementares para oferecer um mínimo de cidadania às comunidades, pouco resolvem, além de provocar mais sofrimento aos habitantes que não têm sossego em suas vidas. Ou estão submetidos ao controle dos bandidos, ou viram alvos da polícia e de "balas perdidas".
Segundo avaliou o governador do Rio, Cláudio Castro, a operação foi "extremamente planejada", resultado de investigações de mais de um ano, e discutida com autoridades do Estado durante 60 dias. Ora, mas como pode ser considerada bem planejada uma ação que resulta em confronto com mais de uma centena de mortos, incluindo policiais — e uma cidade inteira aterrorizada?
Esse resultado catastrófico deveria, ao menos, levar o governador a assumir a responsabilidade pelo erro cometido e levá-lo à reflexão. Qualquer pessoa razoável haverá de entender que somente pode ser considerada positiva uma ação que termina como os suspeitos presos e com os policiais voltando vivos para as casas e suas famílias.
Depois dessa tragédia é de se esperar que os governadores renitentes atendam ao chamado do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que propugna por uma ação conjunta entre governo federal e os entes federativos, de forma a encontrar formas conjuntas de enfrentar a criminalidade.
O momento é grave o suficiente para que quaisquer divergências políticas sejam postas em segundo plano para tornar possível a adoção de propostas que levem ao desmantelamento dessas organizações criminosas, que hoje tem sob sua influência cerca de 26% da população brasileira. É preciso fazer o crime recuar, mas isso somente será possível com inteligência e planejamento.
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