O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Começa oficialmente em Belém (PA), capital temporária do Brasil até o dia 21 de novembro, a 30ª Conferência das Partes do Clima (COP 30), da Organização das Nações Unidas (ONU). Após uma semana preparatória com a recepção de líderes mundiais e discursos dos anfitriões, especialmente na figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a COP 30 dá o primeiro fôlego para guiar o mundo em um desafio cada vez mais latente.
Segundo o relatório da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), lançado no dia 28 de outubro, as novas metas climáticas (NDCs) dos países são insuficientes para limitar o aquecimento global em 1,5°C, como estabelecido no Acordo de Paris. Mesmo assim, elas ainda reduzem as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 10% em 2035, em relação aos níveis de 2019. O necessário para frear o aquecimento global seria de 60% de redução.
Essa ainda é uma previsão generosa, ao considerar as 64 NDCs entregues à ONU e os anúncios informais da China, da União Europeia e dos Estados Unidos — esse último, ainda com as promessas do ex-presidente Joe Biden. Pela incerteza das metas dos maiores emissores históricos e globais, o Observatório do Clima crava em 4% a redução de emissões de GEE até 2035, contabilizando apenas as NDCs entregues.
Na COP 30, os líderes procuram na adaptação uma forma de compensar as metas pouco ambiciosas. Ações de adaptação envolvem tornar as cidades e as comunidades mais resilientes e capazes de enfrentar os efeitos da crise climática. O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), de 2016 e em processo de atualização, indica o Plano Diretor Municipal (PD), o levantamento de monitoramento de áreas de risco e os programas residenciais — como o Minha Casa, Minha Vida —, como instrumentos essenciais para a adaptação das cidades.
Em discurso, o presidente Lula disse estar "convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos".
Espera-se que os líderes mundiais consigam superar as reiteradas contradições para garantir uma COP bem sucedida: concordando em retomar o aporte financeiro prometido para o financiamento climático, encontrando novos mecanismos de financiamento — como o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF, em inglês) — e implementando o Objetivo Global de Adaptação (GGA). O GGA quer quantificar a evolução global em vulnerabilidade e resiliência à emergência climática; em Belém, o objetivo é definir quais serão os indicadores comparáveis e rastreáveis para tal.
A cada ano, o desafio é maior. A população, especialmente do Sul Global, é quem paga o preço pela dificuldade dos países de encontrarem um acordo ambicioso e efetivo. Cabe à presidência da COP 30 garantir que Belém seja um respiro de esperança. n
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