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A força da solidariedade
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Editorial opinião

A força da solidariedade

O que esses heróis anônimos fizeram agora para salvar mulheres e crianças, do incêndio no hospital César Cals, honra a memória de João Nogueira Jucá, e é um apelo à compreensão entre os seres humanos
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O incêndio acontecido na quinta-feira em uma subestação de energia no Hospital César Cals (HGCC), que felizmente não deixou vítimas, teve o poder de trazer à tona o melhor das pessoas. Em uma realidade "polarizada" em que tudo se torna motivo para polêmicas, divergências e agressões, dezenas de pessoas comuns se uniram em uma corrente solidária para socorrer quem estava em perigo e salvar vidas.

Foi um esforço coletivo, quando cada um se preocupava em encontrar o melhor meio de prestar socorro, ninguém perguntou sobre o time ou partido de preferência de quem estava ao seu lado para ajudar, ou a ideologia de quem se encontrava em perigo: o objetivo comum era proteger um semelhante na hora do desespero.

Quando a subestação explodiu, deixando o hospital sem eletricidade, desligando aparelhos e respiradouros, com risco de o incêndio se espalhar por todo o prédio, 117 bebês e 153 mulheres, gestantes e puérperas estavam internadas, e precisavam ser removidos. Recém-nascidos que estavam na UTI neonatal foram retirados dentro das incubadoras, recebendo os primeiros socorros no Beco da Poeira, um centro de comércio popular no centro de Fortaleza.

O repórter do O POVO, Kleber Carvalho, anotou que "umas das cenas mais marcantes" que ele presenciou foi a mobilização dos comerciantes e vendedores que "correram para ajudar". Houve movimentação em busca de tomadas para ligar provisoriamente as incubadoras e aparelhos de oxigênio para manter os bebês respirando e, ainda, preocupação em oferecer algum tipo de conforto às grávidas, como arranjar lugares para que pudesses ficar sentadas.

Louve-se também o trabalho do Corpo de Bombeiros — que extinguiu o incêndio em 15 minutos —, dos servidores e profissionais de saúde do HGCC e do Samu, que agiram com rapidez para resgatar e acomodar os pacientes em outros hospitais.

O incidente fez lembrar uma tragédia ocorrida no ano de 1959 no mesmo hospital, quando um incêndio provocou a morte de 25 pessoas. Haveria ainda mais vítimas não fosse a iniciativa corajosa de um então jovem estudante de 17 anos, João Nogueira Jucá. Ele enfrentou as chamas, salvando diversos pacientes do incêndio. Mas seu ato de heroísmo custou-lhe a vida. Atingindo gravemente pelo fogo, ele não resistiu aos ferimentos, morrendo no dia 11 de agosto de 1959. Em homenagem a Jucá, a data de sua morte foi instituída como o Dia do Estudante no Ceará, e o Corpo de Bombeiros criou uma medalha com o nome dele, a maior honraria da instituição, que reconhece "atos de bravura, abnegação e heroísmo".

O que esses heróis anônimos, gente simples, fizeram agora para salvar mulheres e crianças, honra a memória de João Nogueira Jucá, e é um apelo à solidariedade entre os seres humanos.

 

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