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Master, agora resta fazer justiça, com rapidez
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Master, agora resta fazer justiça, com rapidez

O episódio deveria chamar a atenção das autoridades para melhorar a regulamentação do sistema bancário brasileiro, que é sólido, mas precisa de supervisão mais próxima, para detectar com mais rapidez e afastar os aventureiros do mercado
Tipo Opinião
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A fraude de grandes proporções ocorrida no banco Master não levará prejuízos somente a quem tem investimentos ou qualquer outra operação no banco. Mesmo pessoas que não têm relação direta com o Master poderão ser atingidas.

É o caso dos segurados de 18 fundos de pensão, de municípios e estados, que tinham investimentos ou negócios com o Master. Segundo o Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE), a Rioprevidência investiu R$ 2,6 bilhões em letras financeiras e títulos de renda fixa no Master, desde 2023. Isso deverá provocar um abalo nas finanças do instituto. Em maio deste ano, o TCE havia feito um alerta aos gestores sobre possíveis irregularidades.

O Rioprevidência divulgou uma nota informando que o pagamento de aposentadorias e pensões está garantido. Mas essa é apenas uma parte do problema que, a propósito, nem deveria estar em questão. A outra é saber se o fundo tem condições de absorver o prejuízo sem chamar os segurados a pagarem parte da conta, por meio de desconto nos contracheques. Na melhor das hipóteses, o instituto nunca mais verá esse dinheiro. São cerca de 242 mil servidores inativos que dependem do fundo de previdência para receberem seus proventos.

Também ficará no prejuízo uma instituição pública do Governo do Distrito Federal, o Banco de Brasília (BRB), que negociava a compra do Master. Segundo investigações do Banco Central e da Polícia Federal (PF), o objetivo era camuflar as fraudes na compra de carteiras de créditos falsas, identificadas pelo Bacen.

Entre 2024 e 2025, o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Banco Master, segundo documento obtido pela TV Globo, divulgado pelo G1. O Ministério Público encontrou "indícios de participação consciente dos dirigentes do BRB" no suposto esquema fraudulento organizado pelos gestores do Banco Master. Em setembro, o Bacen havia negado a possibilidade de o BRB comprar o Master.

Na terça-feira, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master. Enquanto isso, a Polícia Federal movimentava-se para prender Daniel Vorcaro, dono do banco liquidado, o que ocorreu no mesmo dia, no aeroporto de Guarulhos (SP). Segundo a PF, o banqueiro preparava-se para fugir do País em um jato avaliado em R$ 200 milhões.

Essa complexa operação, que desmontou uma fraude bilionária, envolveu vários órgãos públicos trabalhando em conjunto, como o Banco Central, Polícia Federal, Ministério Público Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), entre outras, demonstrando que a integração e a troca de informações é o caminho mais acertado para o enfrentamento à criminalidade, principalmente a de maior complexidade.

O episódio também deveria chamar a atenção das autoridades para melhorar a regulamentação do sistema bancário brasileiro, que é sólido, mas precisa de supervisão mais próxima, para detectar com mais rapidez e afastar os aventureiros do mercado. E que a Justiça atue com rapidez para punir os responsáveis e recuperar os prejuízos causados pelos fraudadores.

 

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