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Uma democracia sob nova provação
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Editorial opinião

Uma democracia sob nova provação

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A segurança e a solidez da estrutura institucional brasileira entrou em nova fase desafiadora de provação com o que aconteceu nas primeiras horas da manhã de ontem. A partir de quando uma equipe da Polícia Federal chegou à residência do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, para conduzi-lo à sala da Superintendência da instituição, em Brasília, na condição de preso. Claro, com todos os efeitos esperados sobre o cenário político.

O ministro Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da PF ao retirar Bolsonaro de uma condição especial que lhe permitia cumprir prisão provisória em regime domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica e acompanhado, de maneira permanente, por equipe de agentes federais.

Decisão, deve-se esclarecer sempre, que tem a ver com a identificação pelos investigadores de sinais de que poderia haver risco de fuga, inclusive com o registro, na madrugada de ontem, de uma tentativa de romper a tornozeleira. Portanto, sem relação com a condenação, parte de outra ação, já imposta contra ele por participação de destaque na tentativa de golpe de Estado que balançou o País entre os anos de 2022 e 2023.

Um gesto imprudente de um filho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) , chamando os apoiadores para uma manifestação em frente ao condomínio, a pretexto de uma corrente de oração, foi um dos motivos apontados para o pedido e para o seu acolhimento.

Claro que um gesto político com potencial para gerar problemas e que, de certa forma, exigia das autoridades uma atitude de precaução. Afinal, foi a falta de cuidados preventivos da parte das autoridades, na época, que permitiu que a situação saísse de controle naquele fatídico 8 de janeiro de 2023, quase que levando ao rompimento da normalidade institucional e democrática do País.

O que aconteceu até agora indica que caminhamos para superar, com traumas absorvíveis, mais uma etapa desafiadora. Claro que há um equívoco de quem sai a comemorar a prisão de alguém apenas por divergências políticas ou ideológicas, da mesma forma que erram aqueles que reagem a uma decisão legítima do Judiciário, a pedido da Polícia Federal e com respaldo do Ministério Público, alegando perseguição ou coisa que valha e recusando-se a aceitar que as instituições cumpram o papel que lhes cabe diante desses momentos.

A prisão de quem já ocupou um dia o posto mais alto de uma República nunca poderá ser entendida como algo natural ou que deva nos orgulhar. No entanto, representa sim um gesto de fortalecimento democrático o fato de, havendo evidências e provas que assim o determinem, as instâncias competentes agirem sem qualquer receio para adotar as medidas correspondentes, independente de quem prejudique ou de quem sejam os beneficiados. Assim é quando a democracia vive uma fase de pujança. n

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