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Por que a violência cresce nas escolas?
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Por que a violência cresce nas escolas?

É urgente a necessidade de encontrar um caminho para fazer a escola voltar a ser segura e acolhedora, e não sinônimo de um espaço hostil
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Ataques dentro de escolas, até há pouco tempo, eram praticamente inexistentes no Brasil. No entanto, infelizmente, agressões praticadas por alunos ou ex-alunos tornam-se cada vez mais frequentes, assustando pais e educadores.

Registros verificados pela associação Dados para um Debate Democrático (D3e), divulgados na edição desta quarta-feira do O POVO, mostram que aconteceram 42 ataques de violência extrema nas escolas brasileiras entre 2001 e 2024. Com um destaque importante: 64,2% (27 episódios) ocorreram nos últimos dois anos.

Estudos do DataSUS, da ONG Sou da Paz e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania confirmam o aumento de ataques, especialmente em períodos mais recentes. No Ceará, levantamento do O POVO anotou quatro agressões entre 2022 e 2025.

Outro mal que cresce perigosamente nas escolas é o bullying e o cyberbullying, estímulos para a violência física. Segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, mais de 2,3 mil denúncias de bullying em instituições de ensino foram registradas em 2024, aumento de 67% em relação ao ano anterior.

Informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram também aumento significativo nas postagens com ameaças contra as escolas nas redes sociais. A pesquisa verificou discursos de ódio nas principais redes sociais utilizadas no Brasil, registrando crescimento de 360% nas postagens contendo ameaças contra unidades educacionais, entre 2021 e 2025.

A organização Sou da Paz identificou que os ataques revelaram evidências de um processo de radicalização de jovens usuários de plataformas digitais, sugerindo a regulamentação das redes para responsabilizar as plataformas pela falta de moderação.

Segundo os especialistas, a violência nas escolas é multifacetada, não tendo uma causa única, influenciando fatores familiares, escolares, emocionais, psicológicos e sociais. O aluno, portanto, tem de ser visto em sua integralidade.

Essa complexidade tem de ser considerada ao se examinar o ataque praticado por um estudante de 15 anos a outro aluno da mesma idade, na unidade Sul do colégio Christus. Com uma lâmina, ele desferiu mais de dez golpes no colega, segundo o pai da vítima. Também foram feridos uma coordenadora e um professor, que tentaram parar as agressões. Segundo informações da escola, nenhuma das vítimas corre risco de vida.

Sem descartar a responsabilização do agressor pelo ato infracional — o que será examinado pela Justiça —, é preciso chegar às causas estruturais que levam a essa grave deterioração no ambiente escolar.

É urgente a necessidade de encontrar um caminho para fazer a escola voltar a ser segura e acolhedora, e não sinônimo de um espaço hostil. Essa é uma tarefa que cabe não somente às autoridades governamentais, mas também aos pais, educadores e a toda a sociedade.

 

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