O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Ceará e Fortaleza viveram a disputa da Série A do Campeonato Brasileiro de formas quase sempre opostas. Mas terminaram o torneio da mesma forma melancólica, com rebaixamento à segunda divisão do futebol nacional.
O sucesso recente dos clubes os alçou a símbolos de pujança econômica de todo o Estado. Afinal, no país do futebol, 10% dos clubes de elite eram locais. O esporte, entretanto, vive de ciclos de vitória e de derrota e, neste domingo, 7, quem se impôs foi a queda.
Bicampeão cearense, o Ceará parecia viver um ano tranquilo. Recém-promovido à Série A, o time flertou com voos mais ousados, em competições internacionais. Era uma possibilidade real, que ampliava a marca da agremiação para além das fronteiras nacionais e gerava até possibilidades de novos negócios. Quis o destino que a boa fase se esvaísse no fim, com o time ocupando a zona de rebaixamento justamente na única rodada que define a próxima temporada. A derrota no Castelão lotado para o Palmeiras foi o capítulo final.
Já o Fortaleza, detentor de campanhas memoráveis nos últimos anos, ostentava o feito de ser o clube nordestino com mais anos consecutivos na elite nacional. Galgou novos públicos, foi finalista de torneio continental, investiu milhões de reais em reforços e, apesar de tanto, viu o risco de rebaixamento se desenhar desde o início do Brasileirão. Ao contrário do maior rival, mostrou melhora na reta final da temporada. Mas a evolução não chegou a tempo, e as derrotas anteriores pesaram ainda mais que o revés ante o Botafogo, no Engenhão.
Assim, os dois maiores clubes do Estado jogarão a Série B ao mesmo tempo, algo que não ocorre desde 2009, quando o futebol cearense era figurante no cenário nacional e completamente ausente internacionalmente. As vitórias elevaram o patamar competitivo, aqueceram os mercados turístico e imobiliário e fomentaram o consumo. O bolo cresceu e não ficou restrito às quatro linhas.
Mesmo dentro de uma das rivalidades mais acirradas do Brasil, a do Clássico-Rei, Ceará e Fortaleza ajudaram um ao outro a atingir um patamar mais alto. Por vezes, compartilharam patrocinadores, negociando de forma conjunta por uma receita maior para ambos. Os modelos de gestão, quando bem-sucedidos, foram absorvidos e adaptados pelo rival. O alto nível de competitividade inspirou soluções criativas.
O momento dos torcedores é de dor. Dos gestores, é de reciclagem. Se 2025 acabou com lamentos, que 2026 seja de alegrias.
A grandeza no esporte não se resume a vitórias, taças, festas. Ela se mostra, de verdade, na capacidade de se reerguer. A queda não é um fim nem em Porangabuçu nem no Pici. O desafio está posto. Os clubes cearenses, representantes de milhões de torcedores, têm agora a oportunidade de, na próxima temporada, mostrar ser equipes da elite nacional. n
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