O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O governo dos Estados Unidos dá mostras, finalmente, de que está abandonando a postura de priorizar aspectos ideológicos nas relações diplomáticas com o Brasil. A última medida importante anunciada, nesse sentido, foi a suspensão da aplicação da Lei Magnisky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e sua esposa, Viviane Barci.
Era meio inexplicável, diga-se, que um instrumento legal criado para punir autoridades e personagens estrangeiras, impondo-lhe dificuldades para fazer negócios através da economia dos Estados Unidos, fosse utilizado contra um juiz de outro país por decisões que tenha tomado com base naquilo que a legislação local determina. A ideia original da tal lei era atuar contra criminosos e figuras públicas cujas ações, em última instância, estivessem em desalinho com regras democráticas universais.
Alexandre de Moraes não é um ser perfeito e, claro, qualquer decisão sua está sujeita a crítica ou contestação. Aliás, haverá poucas personagens do Brasil contemporâneo tão atacadas quanto ele pela maneira como tem dirigido a investigação, no âmbito de sua competência como ministro do STF, do movimento observado entre os anos de 2022 e 2023 cujo objetivo evidente era romper o nosso quadro democrático.
O certo é que imputar-lhe viés ditatorial ou o que valha pelas decisões que tem tomado, ideia que estava no centro da justificativa do governo de Washington para manter o nome do magistrado na lista dos puníveis pela Magnisky, parece um erro evidente. Mesmo que precise ficar claro, reforçando, que isso não o torna imune a contestações, internas ou externas.
O que chamava atenção no comportamento de Donald Trump e seu governo era a confusão permanente entre uma coisa e outra. Para manifestar apoio a aliados de pensamento político no Brasil utilizava-se do aparato estatal dos Estados Unidos e valia-se até da lei do seu país, conforme interesses políticos, para criar constrangimentos diplomáticos e econômicos numa relação que precisa estar acima das ideologias para se fazer saudável.
Um passo no caminho de volta à racionalidade já havia sido dado um pouco antes com a suspensão de boa parte da aplicação de tarifas extras aplicadas, em vários setores, para produtos originários do Brasil. Também inexistindo justificativas lógicas, técnicas ou comerciais, para essas medidas, parcialmente revistas por Trump recentemente.
É animador que os movimentos recentes indiquem uma tendência de volta à normalidade nas relações, comerciais e diplomáticas, com os Estados Unidos. No entanto, ainda há um caminho longo por percorrer e o quadro desafiador segue a exigir, infelizmente, que enfrentemos a resistência de uma parcela de cidadãos e cidadãs que se recusam a colocar o interesse nacional na linha de frente de suas prioridades. n
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