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Trump ameaça Venezuela com intervenção militar
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Editorial opinião

Trump ameaça Venezuela com intervenção militar

A política intervencionista põe em risco inclusive os Estados Unidos. Invasões no Iraque, Afeganistão e Líbia, foram erros grosseiros que terminaram em derrota para Washington
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O presidente americano Donald Trump vem aumentando a pressão sobre a Venezuela e, para isso, usa argumentos descabidos ou simplesmente mentirosos. Não se discute aqui a classificação do governo de Nicolás Maduro, sem dúvida uma ditadura, que fraudou as eleições para continuar no poder.

Mas o objetivo de Trump não é livrar os venezuelanos de um autocrata, mas pôr as mãos no petróleo do país sul-americano — proprietário da maior reserva do mundo — e ampliar, por métodos violentos, a influência dos Estados Unidos na região.

Trump deslocou navios de guerra, incluindo porta-aviões, aumentando significativamente a presença armada no Caribe. Calcula-se que cerca de 15 mil militares façam parte desse esforço.

Sob a justificativa do combate às drogas, militares já bombardearam 28 embarcações na região, supostamente transportando drogas, matando cerca de 70 pessoas. O conflito ampliou-se quando três navios petroleiros da Venezuela foram interceptados em sua costa, em uma tentativa de sufocar o país economicamente. São ações que violam abertamente leis internacionais, mas continuam a ser realizadas impunemente.

Washington não se detém; Trump ameaça agora uma invasão militar terrestre na Venezuela — não descartando fazer o mesmo em outros países —, o que repercutiria em toda a região, em especial no Brasil.

O presidente americano que ressuscitar a diplomacia das canhoneiras, em que demonstrações de força são usadas para submeter nações supostamente mais fracas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a reunião do Mercosul na semana passada para falar sobre o assunto. Sem citar os Estados Unidos, Lula rejeitou a interferência externa na América do Sul e lembrou que "passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extra-regional".

O chefe Executivo brasileiro afirmou que os limites do direito internacional "estão sendo testados" e que uma intervenção armada na Venezuela seria uma "catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo".

Pode-se dizer, inclusive, que os Estados Unidos também correm risco com essa política. Intervenções recentes dos Estados Unidos, como no Iraque, Afeganistão e Líbia, foram erros grosseiros e terminaram em derrota para a Casa Branca.

Lula está certo quando diz que a América Latina tem de ser uma zona de paz e que as pendências entre as nações devem ser resolvidas com diálogo e no foro das instituições multilaterais.

 

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