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Master, o nome na capa do processo
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Master, o nome na capa do processo

Daniel Vorcaro não chegaria impunemente onde chegou sem trânsito nas mais altas esferas do poder
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O Supremo Tribunal Federal (STF) termina o ano em situação difícil — e não se trata dos confrontos ocorridos com o Legislativo, ou com a suposta interferência do STF em outro poder. A situação, no mínimo incômoda, foi provocada pelo comportamento de ministros que, até agora, tudo indica, são absolutamente incompatíveis com a função que exercem como julgadores.

Alexandre de Moraes está com dificuldade para explicar o que foi tratado em vários telefonemas entre ele e o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, informações que se tornaram públicas em reportagem da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.

A jornalista escreveu que Moraes havia procurado Galípolo várias vezes para "fazer pressão" em favor do Banco Master, buscando informações a respeito da operação de venda para o Banco de Brasília (BRB), que terminou vetada pelo BC.

A atuação de Moraes seria questionável em qualquer hipótese, mas acontece que o escritório de advocacia da mulher dele, Viviane Barci de Moraes, teria um contrato para representar os interesses do Master e de Daniel Vorcaro no Banco Central, no Congresso Nacional e em órgão de controle financeiro. O valor desse contrato soma R$ 130 milhões.

Em notas oficiais, Moraes afirma que os contatos com Galípolo tinham como único objetivo tratar das sanções impostas a ele pela Lei Magnitski.

No entanto, a apuração do jornal O Estado de S. Paulo (24/12) trouxe a informação de que Moraes teria sim falado com o presidente do BC sobre o Banco Master, ligando "seis vezes no mesmo dia" para saber o andamento da operação de compra pelo BRB.

O ministro Dias Toffoli, relator do caso Master no STF, também agiu de forma inadequada ao viajar de carona em um jatinho particular para assistir à final da Libertadores. No mesmo voo estava Augusto Arruda Botelho, advogado de um dos diretores do Master. A viagem ocorreu no dia 29/11, um dia após o ministro ter sido sorteado como relator da ação. O processo subiu ao STF a pedido da defesa do banco, alegando que um deputado federal era citado na investigação.

Ministros da mais alta Corte, depois do importante papel que tiveram ao garantir a lisura das eleições de 2022, tinham a obrigação de manter um comportamento exemplar no exercício de suas funções. Não se faz aqui um julgamento antecipado, mas as evidências demonstram que ainda restam pontos obscuros, que precisam ser mais bem explicados.

O fato é que Daniel Vorcaro não chegaria impunemente onde chegou sem trânsito nas mais altas esferas do poder, amizades que serviram de anteparo para as suas continuadas ações fraudulentas. Ressalte-se que ele foi parado pela atuação republicana do Banco Central, sem levar em conta o nome que estava na capa do processo.

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