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Artigo - A terceirização da criação dos filhos e a mercantilização da educação infantil
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - A terceirização da criação dos filhos e a mercantilização da educação infantil

"Nos primeiros mil dias das crianças, o desenvolvimento infantil acontece como uma velocidade que nunca será vivenciada por um ser humano em qualquer outra idade", aponta em artigo o professor-doutor Ivan Oliveira
Tipo Opinião
Professor-doutor Ivan Oliveira (Foto: ARQUIVO)
Foto: ARQUIVO Professor-doutor Ivan Oliveira

Em tempos de cobranças por sucesso profissional, independência financeira e autonomia pessoal, a criação dos filhos se torna uma árdua tarefa neste século de imediatismo, de ansiedade e de depressão.

Pais e mães, principalmente os mais jovens, são colocados contra a parede para retomar suas vidas profissionais e sua maternidade/paternidade são colocadas em xeque nesta quase impossível missão de conciliação “Trabalho-Família”.

É neste contexto que nasce a mercantilização da educação para as crianças de menos de 3 (três) anos de idade, período fundamental para os referenciais de afetividades dos bebês, através de berçários, creches ou escolas maternais.

Não se deve demonizar esta alternativa para a Educação Infantil, mas é necessário refletir sobre a entrega descompromissada, irresponsável, precoce e integral dos bebês nestes espaços de acolhimento.

Nos primeiros mil dias das crianças, o desenvolvimento infantil acontece como uma velocidade que nunca será vivenciada por um ser humano em qualquer outra idade. É um momento de reconhecimento de limites, de amorosidades, de atenção exclusiva e de estabelecimento do porto seguro para a evolução dos bebês.

Tudo isso se torna praticamente impossível de ser entregue por um berçário, creche ou escola maternal. Então, como fazer para cuidar de seus filhos e de sua vida profissional?

Na verdade, não existe uma resposta pronta para este questionamento, nem uma receita de bolo para resolver este complexo problema do binômio “Trabalho-Família”.

Não temos esta resposta para si; quiçá emprestar aos colegas pais e mães que se encontram neste dilema.

A única certeza é que precisamos estar presentes nestes três primeiros anos de vida das crianças dentro de nossas possibilidades familiares, pois, neste momento das crianças, acontecem aprendizagens fundamentais que impactam profundamente a relação pai/mãe-filho, a autonomia, a autoimagem e a serenidade necessária para o desenvolvimento infantil.

Apesar de não ter uma resposta de prateleira, estamos convencidos que a saída não é terceirizando a criação dos filhos, jogando-os em berçários, creches ou escolas maternais em tempo integral. No entanto, o que devemos fazer para retomar a vida profissional sem abandonar o papel de pai e mãe presentes?

Caso tivesse uma resposta pronta para este dilema, não estaria aqui fazendo estas reflexões sobre os desafios de possibilitar que os filhos destas novas gerações possam adquirir as máximas qualidades humanas e afetivas a partir de seus papais e suas mamães ao invés de obter estas referências em estruturas coletivas com cuidados a la fast-food.

Neste exato momento, vivo um laboratório em tempo real buscando as respostas para diversas indagações na toado do objeto deste texto e observando como outras famílias lidam com os desafios da conciliação Trabalho-Família; além de leituras conjuntas com minha esposa sobre a temática e com conversas com outras papais e mamães que viveram ou vivem esta desafiadora situação.

E você, o que faz ou o que fez para conciliar a vida profissional com a paternidade/maternidade? São passíveis de conciliação? Compartilhe suas experiências e vivências com outros pais e mães.

Ivan Oliveira é professor-doutor do IFCE

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