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Artigo - "O servidor público não é parasita"
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - "O servidor público não é parasita"

Com o título "O servidor público não é parasita", eis artigo de Irapuan Diniz de Aguiar, advogado e professor. Ele aborda fala do ministro da Economia, Paulo Guedes. Confira:
Tipo Opinião
Irapuan Diniz Aguiar (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Irapuan Diniz Aguiar

A propósito da infeliz manifestação do ministro Paulo Guedes taxando o servidor público de “parasita” cumpre se fazer uma reflexão sobre o tratamento que, desde algum tempo, tem sido dispensado à classe pelos governos em todos os seus níveis. Relembre-se que a pecha de 'marajás' e da propagação de ser a categoria composta de preguiçosos e despreparados mais se acentuou a partir da era Collor de Mello. Infelizmente, a valorização do serviço público e do servidor, que antes eram sagrados princípios
observados pelos governantes, foram gradativamente esquecidos em nome da adaptação da legislação que rege o funcionalismo público nas suas relações com o Estado. Assim, com as inovações trazidas pelas reformas constitucionais – administrativa e previdenciária -, os governos, federal, estaduais e municipais, movidos por uma visão puramente empresarial da coisa pública, no contexto de uma economia globalizada, perderam o referencial, não enxergando, com nitidez, a fronteira entre o certo e o errado, o legítimo e o ilegítimo, o justo e o injusto, ao ponto, até, de confundir o lícito com o ilícito.

Nesse sentido, a pretexto da promoção de ajustes nas contas públicas, estes mesmos governos, passaram a criar óbices de toda ordem para aviltar salários, não recompor suas perdas, atrasar os pagamentos, terceirizar serviços, alcançando, inclusive, os aposentados e pensionistas que retornaram a contribuir para a previdência ainda que, para tanto, já houvessem cumprido suas obrigações constitucionais. Na sequência, foram estabelecidos tetos e subtetos para a remuneração dos servidores, com critérios que agridem os mais elementares princípios da racionalidade, na medida em que não se observou a verticalidade na fixação do teto, impondo, por consequência, um tratamento diferenciado entre os funcionários públicos federais, estaduais e municipais. Relembre-se que, sobre esta verdadeira guerra deflagrada contra os servidores públicos, o ex-presidente do STF, ministro Sepúlveda Pertence, manifestou-se, quando da votação da reforma previdenciária ao proclamar: “O problema é que o funcionário público também tem direitos e isto está esquecido no país. 

Não entendo que se pretenda fazer uma reforma administrativa começando por destruir, por desmoralizar, por baixar a autoestima do servidor público”. Não se questiona a necessidade de se fazer uma ampla e profunda reforma fiscal e tributária, face às deformidades existentes no atual sistema. Contudo, é injusto e desumano seguir debitando essa situação à conta dos agentes públicos, na realidade tão vítimas quando culpados por ela. Uma política salarial justa é a que decorre da compatibilização de seus custos financeiros com os ganhos sociais, daí porque não deve haver prevalência de um fator sobre outro. Não é, como bem acentuou o ex-ministro Sepúlveda Pertence, destruindo, desmoralizando e baixando a autoestima do servidor público que se vai alcançar a aprovação do projeto de lei da pretendida reforma administrativa prestes a ser votada no Congresso Nacional.

*Irapuan Diniz Aguiar,

Advogado e professor.

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