O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.
O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.
Em setembro, entre os dias 7 e 12, vamos ter uma espécie de primeiro ensaio de campanha envolvendo os três principais blocos que disputam os rumos políticos do país: a tropa governista animada pela extrema direita na Paulista; a campanha Fora Bolsonaro da esquerda partidária e social no Vale do Anhangabaú; e a velha direita neoliberal, com o PSDB e movimentos satélites – MBL e Vem Pra Rua – no dia 12.
Os objetivos e os ritmos de cada bloco são diferenciados no tabuleiro do embate em curso: O bolsonarismo promove uma campanha agressiva para testar a capacidade de resistência das instituições e do conjunto da oposição. Com isso, pretende demonstrar força, intimidar opositores e seguir escalando em sua tática dupla, que combina a ameaça golpista com o esforço de sobrevivência eleitoral até 2022.
A esquerda, que ainda não tem uma estratégia definida e unitária, atua no sentido de acumular forças e desgastar politicamente Bolsonaro, mas com baixa potência, economizando energia. Ou seja, joga na retranca, sem ousar lances mais ofensivos numa pré-temporada que já foi aquecida pelo time governista.
Por sua vez, a chamada terceira via, da velha direita neoliberal, responsável por abrir as portas do inferno com o golpe de 2016 e com a patranha da Lava Jato, tenta viabilizar o “nem Bolsonaro, nem Lula”. O movimento da direita golpista encontra duas dificuldades principais até o momento: a polarização do eleitorado entre Lula e Bolsonaro. E a ausência de um nome de densidade eleitoral reconhecida e que seja capaz de unir esse campo político.
Se é verdade que o calendário eleitoral está relativamente distante, todavia as articulações políticas para 2022 foram precipitadas pela crise política e por um crescente isolamento social de Bolsonaro. Até a plutocracia paulista da Faria Lima e os magnatas do agronegócio tentam encontrar alternativas para a continuidade da agenda neoliberal de destruição nacional — mas sem um segundo mandato para Bolsonaro.
Os setores financeiros e empresariais que apostam na terceira via operam para frear Bolsonaro, via STF e nos demais aparelhos institucionais, e preparar o lançamento de um candidato confiável. O nome do governador paulista João Doria [PSDB] começa a ser aceito como uma opção, apesar da baixa popularidade e da ampla rejeição em São Paulo.
A iniciativa inédita da Rede Globo de exibir as prévias do PSDB faz parte do projeto de popularizar o futuro candidato da chamada 3ª via.
Lugar de Lula é nas ruas, nos palanques do povo
O debate sobre a participação do ex-presidente Lula nas manifestações segue dividindo as opiniões da militância popular. O deslocamento da disputa para o asfalto, inclusive com a aparição da velha direita no dia 12, demanda uma presença maior do líder petista nas atividades da campanha Fora Bolsonaro, aproximando as perspectivas das ruas com a futura disputa eleitoral de 2022. Um ativo poderoso para fazer frente aos imensos recursos concentrados pelos candidatos das classes dominantes e do imperialismo.
A saída democrática e popular da crise, que supere ao mesmo tempo o golpismo de Bolsonaro, a tutela militar e a continuidade da recolonização neoliberal, só será possível através de uma frente única das forças de esquerda e progressistas — apoiada numa mobilização de milhões de brasileiros, que não suportam mais as agruras do desemprego, da mortandade pela Covid-19, da inflação e a volta da fome.
Neste sentido, é fundamental a realização de uma forte jornada da campanha Fora Bolsonaro no dia 7 de setembro em todo país.
Milton Alves é sociólogo
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