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Artigo - Desemprego estrutural: uma realidade
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - Desemprego estrutural: uma realidade

"Os empregos formais estão mais escassos. Mesmo após o fim da crise econômica, teremos menos vagas. Já se fala abertamente na Era do Pós-Emprego", aponta em artigo o cientista político Cleyton Monte
Tipo Opinião
Cleyton Monte é cientista político e professor universitário (Foto: REPRODUÇÃO)
Foto: REPRODUÇÃO Cleyton Monte é cientista político e professor universitário

O balanço sobre os cinco anos da Reforma Trabalhista e as consequências da crise econômica, agravada pela pandemia, resgataram o debate acerca do desemprego estrutural - uma realidade que não pode ser camuflada. Na última década, embarcamos numa lógica de desindustrialização e predomínio da informalidade.

Os empregos formais estão mais escassos. Mesmo após o fim da crise econômica, teremos menos vagas. Já se fala abertamente na Era do Pós-Emprego. Alguns setores já vivenciam esse cenário. Muitas instituições não compreendem a marcha dos acontecimentos.

O trabalhador não tem vínculos e vive uma situação de precarização e insegurança permanentes - sem rede de proteção eficiente. Só para termos uma ideia, as atividades laborais via aplicativo são o tipo de ocupação que mais cresce no Brasil atual.

Uma divisão muito clara está em curso, separando o trabalhador não qualificado, com ganhos ainda mais reduzidos, daquele que disputa espaço no mercado com outros que conquistaram algum conhecimento. A quarta Revolução Industrial vai expandir as tecnologias emergentes no setor produtivo, fazendo com que 67% da força de trabalho global, presente em quinze economias, seja extinta até 2030.

A Consultoria McKinsey relatou em estudo recente que 140 milhões de trabalhos poderão ser automatizados até 2025. Estima-se que 65% das crianças que hoje entram nas escolas, provavelmente irão trabalhar em funções que atualmente não existem. As áreas administrativas e de escritório serão as mais afetadas, seguidas da medicina, energia, indústria, construção, extração, entretenimento, comunicação e setor jurídico. É um universo em mutação, que vai exigir um outro olhar das instituições educacionais, políticas e do próprio Estado. Milhões serão jogados no limbo de uma economia segregacional.

Como alertam os pesquisadores Ricardo Antunes e Márcio Pochmann, a universidade tem ferramentas para analisar o perfil do trabalhador do século XXI e, mais ainda, pode produzir reflexões sobre os interesses e estratégias, nem sempre transparentes, dos que operam essas engrenagens.

Para os que buscam soluções individuais e desejam comprar pacotes que oferecem um diferencial nesse mercado, saibam que, na Era do desemprego estrutural, as competências se tornam descartáveis em uma velocidade impressionante.

Cleyton Monte é cientista político e professor universitário

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