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Artigo - Sarto e Bolsonaro... qualquer semelhança é mera coincidência?
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - Sarto e Bolsonaro... qualquer semelhança é mera coincidência?

"O descaso para com as minorias e falta de políticas públicas são marcantes na atual gestão de Fortaleza, assim como foi no governo anterior do Palácio do Planalto", aponta em artigo o sociólogo Luiz Cláudio Ferreira Barbosa
Tipo Opinião
Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo

É curioso acompanhar o prefeito licenciado Sarto postar ações em Fortaleza, como se no cargo estivesse, quando desde a semana passada visita parentes nos Estados Unidos. Por meio das redes sociais, principalmente pelo Twitter, Sarto passa a ideia que se encontra trabalhando no Palácio do Bispo, enquanto o vice e gestor em exercício Élcio Batista seguiria como mero figurante no Executivo Municipal.

Sarto aponta ações na educação, no trânsito, na cultura, na infraestrutura e em regionais, como se seguissem suas orientações, apesar de a cidade estar sob o comando do vice, eleito juntamente com o prefeito para esse momento. Sarto, no mínimo, desrespeita o papel de Batista.

A prática do prefeito de Fortaleza coincide com a do ex-presidente Jair Bolsonaro, que costumava seguir governando - ou algo parecido - o país à distância, quando em viagens internacionais. Também por meio das redes sociais. Mourão, o então vice-presidente e atual senador eleito, nem com o cerimonial poderia contar.

Mas as coincidências entre Sarto e Bolsonaro vão além do apego ao poder pelo poder.

O descaso para com as minorias e falta de políticas públicas são marcantes na atual gestão de Fortaleza, assim como foi no governo anterior do Palácio do Planalto.

Dos 23 ministérios, Bolsonaro não contava com nenhum ministro preto no primeiro escalão. O mesmo ocorre com Sarto em 31 cargos em seu primeiro escalão.

Assim como fez Bolsonaro, Sarto não tem políticas públicas para pobres. Pior, sem nenhum estudo de impacto, tirou o Gonzaguinha da Messejana das grávidas e mulheres com necessidades de atendimento ginecológico, além de encerrar a emergência do Gonzaguinha da Barra do Ceará e do Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará, como se as classes menos favorecidas estivessem acostumadas ao sofrimento e ao descaso.

Também não há aumento nas vagas do ensino público municipal e nem aceno para a melhoria da merenda escolar, assim como também não há obras de infraestrutura na periferia. Vendedores ambulantes foram enxotados da Praça Coração de Jesus, no Centro, mesmo alguns com trabalho no local por quase três décadas. Nenhum foi contemplado com os quiosques de alvenaria, mantidos até hoje fechados, apesar de quase três meses de entrega das obras, que saltaram de R$ 8,3 milhões de investimento para surpreendentes R$ 14 milhões.

Assim também como Bolsonaro, Sarto governa dentro de uma “caixa”, com avaliações positivas de amigos e do puxa-saquismo. Como resultado, não entende a má avaliação de sua gestão por parte da maioria da população de Fortaleza, assim como o ex-presidente sempre duvidou dos números dos institutos de pesquisa, diante de multidões em suas motocarreatas.

Tamanho descaso para com a pobreza de Fortaleza fez com que Sarto enviasse para a Câmara Municipal uma proposta de cobrança da taxa do lixo para 70% dos imóveis. Depois, em nova mensagem, diante da repercussão negativa, apresentou a cobrança para 30% dos imóveis.

A avaliação que 70% dos imóveis de Fortaleza teriam condições de bancar a taxa do lixo da cidade, talvez tenha sido tirada da janela do apartamento de Sarto, claro, com respaldo dos amigos e dos puxa-sacos.

Mas Sarto sequer deverá acompanhar a votação da mensagem da cobrança dos 30% dos imóveis que irão bancar a taxa do lixo, na próxima quinta-feira, dia 12, pois seguirá nos Estados Unidos, onde também se encontra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mas isso é coincidência...

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo e gerente-executivo da Consultoria LCFB

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