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Artigo - "Economia e você, tudo a ver"
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - "Economia e você, tudo a ver"

Com o título "Economia e você, tudo a ver", eis artigo de Abimael Carvalho, professor universitário e presidente da Comissão Especial de Recuperação Judicial e Falências da OAB-Ceará. "Por que devo me preocupar com o fechamento de empresas ou os pedidos de recuperação judicial de companhias que não tenho relação próxima?", indaga o articulista. Confira:
Tipo Opinião
Abimael Carvalho, da OAB/CE (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Abimael Carvalho, da OAB/CE

Todos os dias, por todos os meios de comunicação, somos constantemente bombardeados por notícias econômicas que, em primeiro plano, não parecem fazer sentido ou dizer respeito ao cidadão comum.
Para a grande maioria dos trabalhadores, o incremento real nas suas receitas é o único fator realmente importante, fazendo com que o anúncio do aumento do salário mínimo no início de cada ano seja notícia esperançosamente aguardada e, quando ocorre, a frustração de seu incremento é o que de fato fica na lembrança.

Contudo, não se propaga ou, muito menos, se busca divulgar a compreensão da roda da economia e dos impactos fulminantes que cada peça do intrincado quebra-cabeças provoca quando apresenta defeito ou mesmo para de funcionar.

Antes de continuar a evolução do texto, necessário se faz conceituar a economia que, à luz da teoria predominante “é a ciência que estuda os fenômenos relacionados com a obtenção e a utilização dos recursos materiais necessários ao bem-estar.” Em outras palavras, é a própria atividade humana que lida com as necessárias escolhas de sobrevivência face à escassez dos recursos ou do acesso a esses na luta por sua sobrevivência.

Sem elevar o nível do texto à academicidade, precisamos trazer essa dicção à realidade e às experiências corriqueiras do cidadão comum, traduzindo no fato de que o ser humano, de natureza necessariamente social, possui toda sua esfera de víveres lastreado num ciclo permanente de trocas de bens e serviços em que todos necessitam produzir e adquirir para sua própria manutenção ou seja, todo o sistema está intimamente vinculado e encadeado ao ponto de que um abalo em qualquer parte dessa relação, provoca efeitos de maior ou menor intensidade ao longo de todo o elo.

Compreendida a natureza circular de todo o sistema, mais fácil e clara se torna a compreensão de que o fechamento de um estabelecimento empresarial, a maior dificuldade de extração de determinada matéria prima, o aumento nos custos de produção de determinada mercadoria, dentre vários outros fatores, causa, imediatamente, uma reação em cadeia e afetam todo o resto.

A título de exemplo, vale recordar o filme cearense recentemente lançado: “Bem-vindo a Quixeramobim” que versa exatamente sobre essa circunstância. A cidade, tipicamente nordestina, teve um crescimento significativo a partir da implantação de uma indústria. Com sua instalação, muita prosperidade chegou ao lugar, com a criação de novos estabelecimentos, crescimento do comércio e prosperidade para todos. Isso se deveu, prioritariamente pelo ingresso de capital nos bolsos da população, que, empregada diretamente da indústria ou às demais atividades dela satélites, começaram a ter acesso ao consumo.

Consideremos, em seguida, que por qualquer razão, essa companhia venha a fechar suas portas. Aquelas pessoas que eram remuneradas pela indústria perdem sua fonte de recursos; o mercadinho que tinha clientela e vendas garantidas pelos moradores vê minguarem suas receitas e se multiplicar a inadimplência; a escola que abrigava os filhos dos trabalhadores, da mesma forma, perde alunos e acumula mensalidades não pagas, demite funcionários e assim ocorre com toda a gama de atividades e serviços outrora promissora. Esse é o impacto econômico da quebra de um estabelecimento.

Voltando então às crises econômicas e você.

Lembremos o caso das Lojas Americanas e o cidadão comum cearense. O que tem ele a ver com isso. Diretamente, talvez nada. Indiretamente, contudo, muita coisa. Pensem na quantidade de famílias cearenses que deixaram de ter a fonte de renda gerada pelo pai, a mãe, ambos ou outro parente que lá trabalhava; dos empregados daquela fábrica de lingerie, do distribuidor de produtos de limpeza e tantos outros fornecedores que perderam o cliente e ficaram com um crédito incerto, a ser habilitado no Quadro Geral de Credores e ser quitado com os descontos e prazos previstos no Plano; que deverá absorver o prejuízo com redução de despesas, endividamento e/ou demissões; É menos um empreendimento a gerar empregos e renda e cuja falta provoca uma reação em cascata que atinge a todos, de uma forma ou de outra. Quanto menos oferta de empregos, mais demanda dos cidadãos por políticas públicas, menos capacidade de investimento do Estado em políticas de primeira necessidade (saúde, educação, saneamento), mais tendência à violência e menos desenvolvimento social e econômico.

Foto do Eliomar de Lima

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