Após anunciar em todos os grandes veículos de comunicação que a Prefeitura de Fortaleza iria segurar o valor da tarifa de ônibus, em 2023, por meio de um subsídio de R$ 3 milhões, o prefeito Sarto decidiu repassar a conta para a população, 67 dias depois de ter empenhado a palavra, assim como fez na trapalhada mensagem da taxa do lixo.

Pior do que o maior índice de aumento na tarifa em todo o país, 15.5% (a inflação acumulada em 12 meses é de 5.77%), em meio a um mau serviço prestado ao usuário do transporte público, diante da superlotação em horários de picos, do medo de assalto pela longa exposição em paradas de rua sem estrutura alguma (muitas ainda com placas em postes de iluminação) e da novela da retirada da climatização dos veículos, que se arrasta há três anos, é a certeza da Prefeitura de Fortaleza em fazer de bobos os passageiros e os órgãos de fiscalização, em especial o Ministério Público.

Assim como usou a cartilha de Nicolau Maquiavel para encobrir a exorbitante taxa do lixo, na horrorosa encenação de uma redução do percentual de imóveis a pagar o novo imposto, Sarto volta a se valer do filósofo italiano, com conceitos que não mais se sustentam em época de redes sociais, para mais uma vez tentar se passar de bom moço. Primeiro quando disse que o empresariado queria um maior percentual de aumento, como se o exorbitante índice de 15.5% fosse uma conquista de uma luta heroica, depois quando quer fazer a população acreditar que houve conquista na redução na passagem estudantil de 30 centavos de real, como se o dinheiro não saísse do bolso dos pais trabalhadores, que agora terão que arcar 60 centavos de real a mais por viagem.

A falsa conquista na redução da passagem estudantil - verdadeira somente para o papai que paga a passagem do filho e vai trabalhar de Hilux - também mascara o anúncio de Sarto de um tal estudo pela tarifa zero, a começar pelos próprios estudantes. Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, mostrou à Capital como se faz. O município administrado pelo prefeito Vitor Valim se valeu da questão das empresas rodarem por meio de concessão. Valim cobrou um legítimo papel social, não apenas as planilhas do lucro.

O exemplo de Caucaia sequer chamou a atenção do Ministério Público para a mesma ou semelhante prática em benefício da população de Fortaleza. Sequer um estudo do Paço Municipal apontando a inviabilidade na Capital do sistema de Caucaia.

Promotor de Justiça não anda de ônibus, é no que aposta a Prefeitura de Fortaleza.

E assim passa a caravana pelas ruas de Fortaleza... com superlotação, com atraso, com insegurança, sem climatização, com o maior percentual de aumento no Brasil.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa é sociólogo e diretor-gerente da Consultoria LCFB