O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.
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O título em epígrafe é o mesmo de obra assinada pelo historiador Hélio Silva, profundo conhecedor do período que precedeu os episódios que levaram à intervenção militar no governo brasileiro em 1964. Ele foi testemunha da história e pôde observá-la enquanto ela transcorria. Privou do convívio com personagens que a protagonizaram, tanto de um lado quanto do outro que mediam forças. Não apenas Hélio Silva, mas quantos se debruçam sobre a história do movimento militar de 1964, hão de concordar que o termo “Golpe de Estado” para definir a tomada do poder pelos militares, constitui um equívoco conceitual. Na verdade, o golpe para a ascensão ao poder estava sendo gestado dentro do próprio governo comandado pelo presidente João Belchior Marques Goulart, o Jango.
Nem Juscelino Kubitschek, em 1956, nem Jango como vice-presidente, eleito em 1960, teriam obtido vitória sem o apoio dos comunistas. Lembre-se que naquela eleição o candidato a vice tinha candidatura independente do postulante à presidência. O candidato à presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro-PTB, cuja chapa Jango compunha, foi o General Henrique Teixeira Lott. Jânio Quadros tinha como vice o ex-governador de Minas Gerais e ex-ministro da Justiça Milton Campos. A chapa informal e popular Jan-Jan venceu o pleito. Seis meses depois Jânio Quadros renuncia à presidência da República. Jango se encontra na China confabulando com seus amigos comunistas e recebe o veto para a sucessão de setores das Forças Armadas, assim como de seus adversários, sobretudo Carlos Lacerda, jornalista e poderoso governador do então Estado da Guanabara. Entabuladas negociações adotou-se a gambiarra do Parlamentarismo, retirando poderes do presidente e ensejando a posse do vice Jango, que retornou ao País ainda de orelha em pé. Depois de alguns meses, vários gabinetes parlamentaristas deram com os burros n’água e Jango articulou um plebiscito que aprovou o retorno do presidencialismo. Foi o começo do fim.
O governo do Jango foi um desastre do começo ao fim. Organizações sindicais, estudantis e populares, lideradas pelos comunistas, que assumiram vários cargos no governo e detinham razoável número de cadeiras no Parlamento, adotaram postura radical e exigiam pautas que levariam o governo à debacle. As reformas de base exigidas, entre as quais propunha-se uma reforma agrária radical, ganharam força no campo sob o comando do deputado Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas, uma espécie de MST de hoje. A União Nacional dos Estudantes, antro de marginalidade e corrupção, congregava o que havia de mais tempestuoso; os sindicatos não deixavam que a indústria produzisse normalmente. Esses setores estimulavam greves e mais greves. A sociedade conflagrava-se. Nos ambientes políticos confabulava-se sobre a crise social e econômica que se abatia sobre o País. O presidente João Goulart parecia impotente para conter os ânimos, em especial dos seus aliados comunistas que pregavam abertamente a do governo e a substituição do Estado burguês por uma República sindicalista. Os quartéis, vendo esvaírem-se a ordem e a disciplina, estavam apreensivos. Todos conspiravam.
Bombardeado com conselhos por parte de incendiários e moderados, Jango se deixou levar pelas informações de que deveria se decidir pelas forças populares que o apoiavam, pois havia um dispositivo militar e outro sindical que lhe dariam sustentação. Embarcou nessa canoa. O qual estava furada, conforme se viu logo depois. Antes do dia 31 de março, quando se configurou a reação militar sob o comando do general Olímpio Mourão Filho, o general Amaury Kruel, amigo e compadre Jango, comandante do então poderoso II Exército, teria sugerido ao presidente que adotasse rigorosas medidas de contenção dos comunistas e até prisão dos resistentes. Assegurou-lhe que a situação do governo estava insustentável, mas que tais medidas faria com que ele, Kruel, ganhasse tempo para negociar um armistício dentro das Forças Armadas, cabendo a Abelardo Jurema, o ministro da Justiça, conter os recalcitrantes civis. Jango preferiu a aposta no fogo comunista. Queimaram-se todos. Com efeito, não funcionou nem o propalado dispositivo militar e muito menos o sindical. Bem ao contrário, os valentes revolucionários comunistas fugiram com o rabo entre as pernas e foram abrigar-se em paraísos capitalistas como Estados Unidos, França e até Suíça; ou em tocas vermelhas do Leste europeu. Poucos, ou seja, apenas os muito desavisados, fugiram para a miserável Cuba comunista. Hoje, portanto, é dia de comemorarmos o contragolpe que evitou o golpe que teria transformado o Brasil numa ditadura de sovietes, igualmente a que esteve submetida a Rússia durante longos e tenebrosos 80 anos.
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