O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.
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As imagens com detalhes da ação de criminosos depredando o Palácio do Planalto confirmam a cumplicidade e a ação direta de militares da equipe do general Augusto Heleno nos atentados antidemocráticos de 8 de janeiro.
Em artigo publicado em 11/1, já denunciava que “o GSI – Gabinete de Segurança Institucional sob o comando do general Gonçalves Dias mantém praticamente intacta a estrutura montada pelo general Heleno, o que permite entender a facilidade com que os fascistas puderam atacar e vandalizar o Planalto e acessar áreas sensíveis do Palácio”.
Na época, o próprio presidente Lula manifestou-se surpreso com a enorme facilidade com que os criminosos invadiram e vandalizaram o Palácio do Planalto.
“Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que a gente entrasse, porque não tem porta quebrada. Significa que alguém facilitou a entrada deles aqui. Nós vamos com muita calma investigar e ver o quê aconteceu de verdade”, declarou Lula.
Os facilitadores daquela bárbara ação criminosa, sabe-se desde sempre, foram os integrantes da equipe do general Heleno, que continuavam desempenhando as mesmas funções no novo governo, já na gestão do general Gonçalves Dias [GDias].
O general Carlos José Russo Assumpção Penteado, por exemplo, que no período Bolsonaro foi vice-ministro do general Heleno no GSI, foi mantido como vice-ministro do general GDias. Ele só foi exonerado em 24 de janeiro, três semanas após o atentado.
Outro militar remanescente da gestão bolsonarista que ocupava cargo relevante por ocasião dos atentados era o general Carlos Feitosa Rodrigues.
O general Feitosa, bolsonarista tão ensandecido e tão odiosamente antipetista quanto o general Penteado, era Secretário de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI, a quem cabia a missão de proteger e garantir a segurança do Presidente, do vice-Presidente da República e dos respectivos familiares, assim como dos palácios presidenciais e residências oficiais [Decreto 9.668/2019].
Aqueles militares, assim como civis bolsonaristas remanescentes da equipe do general Heleno, agiam em linha direta com os comandos bolsonaristas do Exército com suposta responsabilidade direta na proteção e segurança do Palácio, mas que faziam parte da trama criminosa, como o general Gustavo Henrique Dutra, então comandante do Comando Militar do Planalto, e o tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, então comandante do Batalhão da Guarda Presidencial.
A situação do general GDias fica consideravelmente complicada com a revelação das imagens.
Não porque ele tenha tido alguma participação nos eventos, o que só a apuração do caso poderá confirmar ou descartar, mas porque no mínimo ele foi ingênuo e confiou nos colegas de farda que permaneceram incrustrados no coração do poder presidencial para dar curso à intentona fascista-militar.
Com a revelação das imagens, a CPMI dos atos criminosos do 8 de janeiro passa a ser um dado da conjuntura política. O governo terá de ajustar sua estratégia diante da CPMI, que a oposição extremista quer instrumentalizar para impor uma narrativa delirante a respeito dos acontecimentos.
Apoiado nas investigações que correm no inquérito do STF sobre os atentados, o governo pode aproveitar a CPMI para promover uma ofensiva demolidora e desmoralizadora da extrema-direita fascista e sua responsabilidade na destruição da democracia e do Estado de Direito.
Jefferson Miola é jornalista
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