O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.
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É relevante a atualidade de comentário formulado em 1839 pelo político português João José da Silva Loureiro, a respeito do desapreço que temos pelo passado: “Os homens de hoje, apesar de tantos ócios, não vêem senão com o dia; mesmo as semanas já chegam a poucos; os meses a muito poucos; os anos a raríssimos; os séculos a nenhum.” O ano de 2022, o primeiro pós-pandemia, por assim dizer, continuou desvestido de saúde cívica em razão dos embates político-partidários, mercê da disputadíssima eleição ocorrida no mês de outubro, na qual digladiaram-se (entredevoraram-se, esse o termo mais correto) facções ideológicas de pensamentos diametralmente opostos. Ano comemorativo do centenário da Independência do Brasil, a data que assoma como a mais importante da História Pátria, quase passou imperceptível, não fora algumas iniciativas levadas a termo por entidades desvestidas dos recursos imprescindíveis para a realizam de atos que necessariamente deveriam ter sido grandiosos. Governos estaduais e governo federal não demonstraram apetência para estimular eventos e/ou iniciativas lítero-culturais que registrassem o centenário do grande feito protagonizado por um jovem impetuoso e valente, de apenas 24 anos de idade, o Príncipe Pedro de Alcântara.
Leis para assegurar a procedência de iniciativas festivas em relação ao 7 de setembro existem desde há muito, tais como as leis 662, de 6 de abril de 1946; e 10.607, de 19 de dezembro de 2002, as quais tornam a data feriado nacional. No Ceará, ao que me é dado saber, a única iniciativa de relevo ficou no campo editorial, quando o Instituto do Ceará, em parceria com a Editora Universitária e as Edições UFC, deram à lume seis obras que valem como um precioso resgate da história da nossa independência, especialmente em face da participação do Ceará no processo independentista. Louve-se, entre outros nomes, o empenho do General Júlio Lima Verde Campos de Oliveira, presidente do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico); e do eminente professor Paulo Elpídio de Menezes Neto, presidente do Conselho Editorial da Universidade Federal do Ceará. De logo, manifesto minha gratidão ao professor Filomeno Moraes, luminosa inteligência que pontifica no cenário da educação jurídica e da historiografia cearense, pela nímia gentileza de me haver presenteado com a coleção das referidas obras.
A esse respeito merece lembrar em atitude respeitosa, a atuação parlamentar do já falecido senador pernambucano Marco Maciel, uma personalidade digna de respeito e admiração pelo modo como exerceu a atividade política em favor de nossa Pátria. Olhar previdente e atitude concreta as teve quando, em 24 de junho de 2004, ou seja, 18 anos antes, apresentou à Mesa do Senado Projeto de Resolução relativo à “passagem do bicentenário da Independência do Brasil, a transcorrer em 2022.” A proposta legislativa previa a instituição de uma “Comissão Especial” para tratar das festividades, e que seria integrada pelos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, bem como por um deputado e um senador de cada Estado e do Distrito Federal. Ele delineia as orientações basilares de como deveriam ocorrer os trabalhos para a comemoração do evento que queria grandioso como uma forma de expressão dos nossos sentimentos de brasilidade e de patriotismo. Desconheço se tal comissão foi criada no ano passado. E se o foi, não ultrapassou os limites da mediocridade. Anteriormente, aos 4 de fevereiro de 2004, Marco Maciel já havia subido à tribuna do Senado para se pronunciar sobre o assunto, lembrando a grandiosidade dos festejos comemorativos do centenário da nossa Independência, em 1922. Ao que vimos, fizeram ouvido de mercador de tudo o que disse o parlamentar.
No caso do Ceará, auspiciosa foi a publicação da coleção de livros a que nos referimos. Merecem louvores os que dirigem as entidades parceiras na tão dispendiosa quão profícua iniciativa editorial. Seria injusto olvidar o nome do então Reitor Cândido Albuquerque, intimorato mestre que arrostou muitos obstáculos e suportou um sem número de injustiças na condução da nossa Universidade Federal. Atravessou o Rubicão e chegou a bom termo sob aplausos dos homens de boa vontade. Ressalte-se o fato de que a presença na direção do Conselho Editorial da UFC, do professor Paulo Elpídio, mestre respeitado pela inteligência e pela conduta ilibada, sócio-efetivo do Instituto do Ceará, já constitui por si, a certeza de que as obras publicadas são imprescindíveis em uma biblioteca cujo proprietário paute seus estudos por caminhos de devotamento à seriedade bibliográfica.
Barros Alves é jornalista, poeta e assessor parlamentar
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