O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.
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As discussões sobre o plano de reestruturação da carreira dos profissionais da área de Segurança Pública provocaram repercussão entre os vereadores na Sessão Ordinária desta quinta-feira, 6, na Câmara Municipal de Fortaleza. Vários parlamentares foram à tribuna se posicionar sobre o assunto, uma vez que o tema tem causado apreensão na sociedade por ameaça de greve. Segundo eles, o movimento tem sido usado para fins políticos.
No início desta semana o Governo do Estado apresentou a proposta que prevê reajustes concedidos aos profissionais da Segurança Pública do Ceará (Polícia Civil, Policia Militar, Corpo de Bombeiros e Pefoce) em quatro etapas até 2022. O plano de valorização da categoria foi elaborado pelo Executivo Estadual e ainda será encaminhado para discussão na Assembleia Legislativa.
Na manhã desta quinta-feira, um grupo de manifestantes contrários a proposta ocupou a galeria da Assembleia em protesto e o tom usado pelos líderes do movimento era sobre a possibilidade de deixar a cidade sem policiamento. Na Câmara Municipal de Fortaleza, os vereadores alertaram sobre os inúmeros prejuízos para a população, caso a paralisação se confirme, e criticaram o uso irresponsável da pauta em prol de um grupo político.
O vereador Gardel Rolim (PDT) destacou que, entre os anos de 2014 e 2019, os investimentos do Governo do Estado com pessoal teve um aumento de 86%. Na área da segurança pública, o parlamentar ressaltou o salário pago aos soldados, sendo a maior média do Nordeste, R$ 4.968,64, superando a média da região de R$ 4.050,00. "Nós precisamos ter clareza. Acho que existe um esforço para mobilizar a corporação da rua para fazer uma greve, para que alguns tenham um proveito eleitoral. É preciso ter luz nesse debate, precisamos saber verdadeiramente o objetivo para uma greve na Policia Militar", afirmou.
Segundo o parlamentar, já que existe diálogo, essa situação é imprudente e gera pânico na população. “E essa preocupação vem sendo reforçada por discursos acerca da remuneração dos agentes de segurança e que vem sendo reverberado por representantes políticos de policiais. É legitimo que qualquer categoria reivindique a melhoria salarial, mas temos que ter limites", apontou Gardel Rolim, reconhecendo que são os policiais que garantem a sensação de segurança para a população.
O vereador Adail Júnior (PDT) adverte que há interesses do grupo liderado pelo deputado federal Capitão Wagner, com foco na próxima eleição municipal. "Não tem interesse na greve? Sabemos que para o líder de vocês (oposição) o sucesso é a greve dos policiais", apontou. O parlamentar destacou a atuação do governador Camilo Santana e dos órgãos que integram a Segurança Pública do Estado, que segundo ele, conseguiram resultados significativos para área. "Quero parabenizar o governador pela abertura do diálogo e aos policiais militares, que conseguiram melhorar o serviço. Sabemos que o policial militar tem que ganhar bem, mas não devemos seguir com as fakes news, colocando a população em risco".
O líder do Governo, Esio Feitosa (PDT), relembrou os prejuízos da última greve da categoria, em 2011, que foi liderada por Capitão Wagner. "Me preocupa este tipo de declaração (sobre greve), pois percebo que o deputado (Wagner) está usando uma cortina para encobrir da população os verdadeiros interesses. Todos nós lembramos o que ocorreu no Estado do Ceará na ocasião da greve da polícia. Comércio sendo saqueado e a criminalidade aproveitando a situação. Quem perdeu foi o povo de Fortaleza".
O vereador Márcio Cruz (PSD), integrante da bancada da segurança, relatou que acompanhou ativamente a última greve que, segundo ele, foi motivada pela falta de diálogo entre o comando da Polícia Militar e do secretário de Segurança, situação bem diferente do atual cenário. Cruz lamentou que um comerciante do seu bairro teve o comércio saqueado, à época, perdendo o carro e as mercadorias.
O parlamentar falou ainda que a população o aborda apreensiva com a possibilidade de nova paralisação. “Realmente, Fortaleza e o estado do Ceará viveram um caos naquela época. Espero que as entidades tenham bom senso”, pondera. Ele reafirmou que existe um canal de diálogo aberto entre o Governo do Estado e os representantes dos policiais militares, e reconhece os investimentos quem vem sendo realizados na área da segurança pública no Estado. “Acredito que o diálogo não falta entre o Governo do Estado e as corporações”, afirmou.
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