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As digitais do holocausto Yanomami
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Eliziane Colares é publicitária e diretora da Advance Comunicação

As digitais do holocausto Yanomami

O Brasil não foi descoberto conforme dizem os livros de história. O Brasil foi invadido por colonizadores. É a partir daí que se inicia uma saga de sobrevivência de povos que eram originalmente os donos das terras
Tipo Opinião
Eliziane Colares, publicitária, empresária e sócia da Advance (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Eliziane Colares, publicitária, empresária e sócia da Advance

As imagens recém divulgadas da tragédia humanitária dos Yanomami são indignas para qualquer lugar do mundo. Dirá de um país que é um dos maiores produtores de alimentos. Corpos esquálidos comparáveis às vítimas dos campos de concentração nazistas são ainda os sobreviventes do descaso das autoridades. Uma realidade revoltante que precisamos encarar de frente e exigir punição.

O Ministério dos Povos Indígenas divulgou, na última sexta (20), que somente em 2022, foram 99 vidas perdidas de crianças entre um e quatro anos. A maioria por desnutrição, pneumonia e diarréia. A estimativa é que cerca de 570 crianças morreram nos últimos anos pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome. Como deixamos isso acontecer?

De imediato, vale uma reflexão sobre nossa relação histórica com os povos originários. O Brasil não foi descoberto conforme dizem os livros de história. O Brasil foi invadido por colonizadores. É a partir daí que se inicia uma saga de sobrevivência de povos que eram originalmente os donos das terras. Etnias inteiras foram dizimadas para tomar-lhes suas terras e espoliar as riquezas. E é exatamente o que está por trás da tragédia Yanomami.

Não foi por falta de denúncia. A mídia produziu dezenas de reportagens denunciando às autoridades e ao país o sofrimento dos indígenas cujas terras têm sido assaltadas e poluídas pelo negócio milionário do garimpo ilegal. As denúncias escancararam o tamanho do investimento e da devastação por trás da exploração ilegal: muitos maquinários, aviões, combustível e armamentos. Além de sofrerem ataques com armas de fogo, há registros de desaparecimento e estupro de mulheres e crianças. Os rios contaminados pelo mercúrio e os 3 mil hectares de terras devastadas retiraram dos Yanomamis seus alimentos.

Do outro lado, o governo esvaziou o orçamento e as estruturas dos órgãos de fiscalização e proteção das florestas e dos indígenas, boicotaram a chegada de remédios e de ajuda humanitária. Há registros que o governo Bolsonaro ignorou 21 ofícios enviados a órgãos públicos com pedidos de ajuda aos Yanomami. O holocausto foi planejado e tem digitais. n

 

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