
Eliziane Alencar é publicitária e diretora da Advance Comunicação
Eliziane Alencar é publicitária e diretora da Advance Comunicação
Desde 1º de julho, por determinação do governo federal suíço, os rótulos de alimentos na Suíça devem informar práticas dolorosas de produtos de origem animal. As diversas portarias aprovadas visam garantir que os consumidores tenham na rotulagem informações claras sobre como os animais foram tratados durante a produção, indicando se algum procedimento doloroso foi realizado sem anestesia ou atordoamento, castração ou descorna de bovinos sem anestesia, e castração, corte de caudas ou aparação de dentes de suínos sem alívio da dor, além do corte de pernas de rãs sem anestesia. Práticas comuns também aqui no Brasil, invisibilizadas aos consumidores. A obrigação de rotulagem suíça se aplica a todos os estabelecimentos, incluindo restaurantes, pequenas empresas e lojas de varejo.
O exemplo suíço abre um extraordinário precedente para inspirar outros países a ampliar a consciência sobre a crueldade por trás de produtos que exploram animais, desnormalizando esse tipo de consumo, além de marcar uma referência de posicionamento ético de estado e ampliar a reflexão sobre justiça animal.
No rol de portarias suíças, está incluída também a resposta do governo a uma iniciativa popular que visa proibir a importação de foie gras. Com isso, fígado e carne de gansos e patos alimentados à força também devem ser rotulados com as informações de sofrimento. A alimentação forçada é proibida na Suíça há mais de 40 anos, mas a prática ainda é legal em outros países.
Também a partir de 1º de julho, a importação de peles e produtos de pele de animais obtidos por meio de práticas cruéis está proibida pelo governo suíço. Lojas de peles, varejistas de moda e vendedores online devem comprovar que os itens de pele oferecidos atendem aos padrões suíços de bem-estar animal. Produtos proibidos serão retirados do mercado e as empresas infratoras poderão ser processadas.
O Projeto de Lei da Rotulagem - PL 784/2024, apresentado em 2024 pela Animal Equality, em parceria com a deputada federal Professora Luciene Cavalcante, propõe que as embalagens de produtos de origem animal informem, de forma clara e visível, práticas que geraram sofrimento aos animais, tais como a forma como foram criados, se passaram a vida em gaiolas, se sofreram mutilações sem controle da dor, se houve trituração de pintinhos vivos etc. O projeto está em fase de enquete para participação popular no site da Câmara dos Deputados e nossa participação mostrará aos parlamentares que os brasileiros apoiam avanços na proteção animal e querem mudanças reais.
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