
Professor adjunto de Teoria Política (Uece/Facedi), professor permanente do programa pós-graduação em Políticas Públicas (Uece) e professor permanente do programa de pós-graduação em Sociologia (Uece)
Professor adjunto de Teoria Política (Uece/Facedi), professor permanente do programa pós-graduação em Políticas Públicas (Uece) e professor permanente do programa de pós-graduação em Sociologia (Uece)
Nos dias que correm vemos elementos distópicos os mais diversos. Um deles é exatamente a defesa que grupos políticos de extrema-direita têm feito em nome da defesa da aplicação casuística de lei norte-americana contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, por “violar direitos humanos”.
“Direitos humanos” (DH) foi uma expressão que se popularizou, no Brasil, de modo pejorativo no discurso da extrema-direita, liderada por Jair Bolsonaro e seus seguidores, nos Parlamentos e nas ruas. No discurso de posse, em 2019, Bolsonaro se referiu aos DH como “ideologia que descriminaliza bandidos, pune policiais e destrói famílias”; em 2014, por ocasião do dia dos DH, disse que “no Brasil é o dia internacional da vagabundagem.
Os direitos humanos no Brasil só defendem bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e até corruptos”; em 2016, uma imagem sua segurando uma camiseta, em que se lia “direitos humanos, esterco da vagabundagem”, viralizou, construindo sua imagem pública de “opositor” dos DH.
Durante a campanha de 2018, prometera que “conosco não haverá essa politicalha de direitos humanos”, o que cumpriu, efetivamente, ao desconfigurar o ministério para interesses diversos e, especialmente, com sua política anti-humanidade durante a pandemia – quando tanto falou de “mimimi”. Isso sem falar da diversas vezes em que ele e seus liderados louvaram publicamente Brilhante Ustra e lamentaram pela ditadura ter cometido o erro de “torturar sem matar”.
Com as prisões preventivas de nomes importantes do bolsonarismo, como as de Daniel Silveira e de diversos sujeitos que se mobilizaram na intentona golpista de 2023, vemos uma conversão inacreditável à ideia de “direitos humanos”, outrora tidos como “esterco da vagabundagem”. O regozijo pela inclusão de Moraes numa lei por “violar DH” chega a ser risível, se não revelasse a inversão que vivemos em nossos dias.
De “palavrão” e termos abjeto, DH passou figurar como expressão (mais uma) esvaziada de sentido nas ações discursivas daqueles que trabalham, diuturnamente, pela implementação de um estado autoritário, cuja única vontade seja a “deles” contra o “nós”. Foi o que fizeram/fazem ao usarem termos como liberdade, democracia, patriotismo, deus, valores cristãos etc.
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